Sintomas de TDAH em adultos: Veja tipos e como tratar
Sintomas de TDAH em adultos representam um desafio significativo, muitas vezes subestimado, exigindo uma compreensão mais profunda dessa condição ao longo da vida.
Embora o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade seja tradicionalmente associado à infância, sua persistência na idade adulta requer uma análise cuidadosa para diagnóstico e tratamento apropriados.
Este artigo se propõe a explorar os distintos sintomas de TDAH em adultos, e a oferecer insights sobre estratégias eficazes de tratamento.
Uma compreensão mais abrangente dessa manifestação do TDAH na idade adulta é essencial para fornecer o suporte necessário e melhorar a qualidade de vida daqueles que enfrentam esse desafio.
Sou Lourdes Maria Rivera, psicanalista integrativa Guia da Alma. Boa leitura!
Índice
- O que é TDAH? Significado!
- Quais são os tipos de TDAH em adultos? Características!
- O que diz o DSM-5 sobre o TDAH-CID?
- Quais são as diferenças nos sintomas de TDAH em crianças e nos adultos?
- Como saber se tenho TDAH sendo adulto? 9 sinais e sintomas do TDAH em adultos!
- Como tratar TDAH na vida adulta?
- Tratamento para TDAH em adultos: Como a Psicanálise pode ajudar?
O que é TDAH? Significado!
TDAH é a sigla para Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (em inglês, Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder).
O TDAH é um transtorno neuropsiquiátrico que basicamente afeta a capacidade de uma pessoa:
- Prestar atenção;
- Controlar impulsos;
- Regular o comportamento.
É mais comum em crianças, mas pode persistir, ou ser percebido, na idade adulta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3% da população mundial, ou perto de 210 milhões de pessoas, são portadoras de TDAH.
No Brasil, seriam cerca de dois milhões de pessoas, segundo a mesma OMS.
De acordo com o DSM-5,
“levantamentos populacionais sugerem que o TDAH ocorre na maioria das culturas em cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos.”
O Brasil possui uma associação que trata do assunto, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) desde 1999.
Dentre as diversas atividades oferecidas por meio de seus Núcleos de Voluntários em sete capitais do país, a ABDA realiza mensalmente grupos de apoio gratuitos nas seguintes cidades:
- Rio de Janeiro;
- São Paulo;
- Brasília;
- Porto Alegre;
- Belo Horizonte;
- Manaus;
- Vitória.
A organização esclarece que não realiza diagnósticos nem tratamentos, mas fornece indicações de profissionais qualificados.
- Leia meu outro artigo: O que é Fobia social: tratamento através da Psicanálise integrativa!
Principais (e mais comuns) sintomas do TDAH
- Falta de atenção: Dificuldade em manter o foco nas tarefas, o que pode levar a pessoa a, com frequência, cometer erros por descuido, perder objetos importantes, esquecer compromissos etc;
- Hiperatividade: Agitação, inquietação, impulsividade e dificuldade em permanecer sentado em situações em que se espera isso do sujeito, como na sala de aula ou no ambiente de trabalho;
- Impulsividade: Tomar decisões rápidas e impulsivas sem considerar as consequências, interromper os outros nas conversas e ter dificuldade em esperar sua vez.
Você pode estar se perguntando: será que eu tenho TDAH?
Quem de nós nunca perdeu um objeto, ou esqueceu um compromisso ou, ainda, não conseguiu se concentrar numa tarefa!?
Na atualidade, os estímulos externos são significativamente mais frequentes do que há duas décadas.
Nossos celulares emitem notificações sonoras a todo momento, avisando que chegaram novas mensagens ou que um novo vídeo daquele canal que você segue chegou; atualizações dos nossos eletrônicos emitem ruídos a todo tempo…
Como manter a concentração, atenção e foco com tantos apelos externos?
Se é difícil para quem não tem (ou não sabe que tem) TDAH, dá para imaginar como é para quem tem?
O que distingue comportamentos eventuais, como os frequentes em indivíduos com TDAH, é o fato de que essas ações podem levar a disfunções completas em seu desempenho escolar, profissional, relacionamentos e vida diária.
A angústia que tais comportamentos recorrentes causam no diagnosticado com TDAH gera ansiedade e, em casos mais graves, depressão.
O indivíduo experimenta sentimentos de insegurança e incapacidade, sendo ainda mais desafiador pelo fato de que, durante a infância, suas dificuldades costumavam ser erroneamente interpretadas como preguiça.
Com frequência, na vida adulta, surgem problemas significativos no ambiente de trabalho devido à procrastinação.
Infelizmente, algumas pessoas mal informadas acreditam erroneamente que superar essa situação seria simplesmente uma questão de vontade e de se esforçar um pouco mais.
Quais são os tipos de TDAH em adultos? Características!
Existem alguns tipos de TDAH que também são aplicáveis a adultos, assim como em crianças.
Esses tipos são baseados nas características predominantes dos sintomas apresentados pelo indivíduo.
É importante notar que os sintomas do TDAH podem variar ao longo do tempo e podem se apresentar de forma diferente em adultos em comparação com crianças.
Os três principais tipos de TDAH são:
- TDAH do Tipo Predominantemente Desatento: Este tipo é caracterizado principalmente por problemas de desatenção e facilidade em se distrair, mas com poucos ou nenhum sintoma de hiperatividade ou impulsividade. Em adultos, isso pode se manifestar como dificuldade em manter o foco em tarefas, seguir instruções detalhadas, organização, e pode resultar em erros frequentes por descuido;
- TDAH do Tipo Predominantemente Hiperativo/Impulsivo: Este tipo é marcado por sintomas predominantes de hiperatividade e impulsividade, com menos problemas de desatenção. Adultos com este tipo podem exibir inquietação, dificuldade em permanecer sentados por períodos prolongados, falar excessivamente, interromper outros, e uma tendência a agir de maneira impulsiva sem considerar as consequências;
- TDAH do Tipo Combinado: Este é o tipo mais comum e inclui uma combinação de sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade. Adultos com este tipo apresentam uma mistura dos desafios associados aos dois primeiros tipos, o que pode tornar o manejo do dia a dia especialmente desafiador.
O que diz o DSM-5 sobre o TDAH-CID?
Não há uma única causa para o desenvolvimento do TDAH, mas um conjunto delas que inclui fatores:
- Genéticos;
- Neurobiológicos;
- Ambientais.
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5, ao considerar padrões de sintomas, comorbidade e fatores de risco compartilhados, classificou o TDAH entre os transtornos do neurodesenvolvimento.
Entretanto, os mesmos dados também apresentaram uma base sólida para associá-lo aos transtornos disruptivos, que englobam dificuldades no controle de impulsos e conduta.
Segundo o DSM-5,
“Déficits primários do TDAH podem causar prejuízos na comunicação social e limitações funcionais na comunicação efetiva, na participação social ou no sucesso acadêmico.”
E é categórico ao afirmar que
“o TDAH começa na infância.
A exigência de que vários sintomas estejam presentes antes dos 12 anos de idade exprime a importância de uma apresentação clínica substancial durante a infância.”
O diagnóstico e o tratamento do TDAH geralmente envolvem uma avaliação completa por um profissional de saúde mental, que pode incluir um psicólogo, psiquiatra ou médico.
O tratamento pode incluir terapia comportamental, terapia cognitivo-comportamental, orientação educacional e, em alguns casos, medicamentos, como estimulantes (por exemplo, metilfenidato ou anfetaminas), que podem ajudar a controlar os sintomas.
TDAH é hereditário?
Sim, segundo o DSM-5, o TDAH tem um forte componente genético e pode ser herdado.
Estudos científicos revelaram que o risco de desenvolver TDAH é maior em indivíduos que têm familiares de primeiro grau (pais, irmãos) com o transtorno.
A hereditariedade desempenha um papel significativo na predisposição ao TDAH.
No entanto, a herança genética não é a única influência no desenvolvimento do TDAH.
Fatores ambientais também desempenham um papel importante, e a interação entre fatores genéticos e ambientais é complexa.
E por fatores ambientais podemos considerar:
- Exposição a toxinas durante a gravidez, como tabagismo, álcool e outras substâncias químicas tóxicas;
- Ambientes familiares estressantes ou desestruturados.
Por que? Porque a constituição do psiquismo do ser humano se dá desde que ele nasce (e antes até, na barriga da mãe), por meio da interação mãe-bebê.
Quando há “falhas” nesse processo, crianças ou mesmo adultos que enfrentam essas dificuldades (resultantes do que podemos chamar de um ambiente inadequadamente favorável) recorrem, de forma inconsciente, a mecanismos de defesa para tentar organizar internamente o que não é possível organizar externamente.
Um ambiente anárquico não favorece que a criança tenha foco ou concentração.
Um ambiente de isolamento ou abandono pode levar a criança à agitação na tentativa de preencher o vazio.
Um ambiente desorganizado ou imprevisível pode levar a criança a desenvolver medos e ansiedades, porque ela nunca sabe o que irá acontecer com ela.
Nesse contexto, ao abordar o conceito de ambiente suficientemente bom ou de mães suficientemente boas, o psicanalista e pediatra inglês Winnicott refere-se a mães que são minimamente organizadas e atentas às necessidades fundamentais de um bebê, tanto em termos fisiológicos quanto afetivos.
Alguns elementos que compõem esse ambiente ou caracterizam uma mãe suficientemente boa podem ser:
- Horário;
- Rotina;
- Organização;
- Higiene.
É a mãe que dá o tom, que dá o ritmo da vida desse nenezinho.
Quando desafina, surgem as falhas.
Por isso, o vínculo mãe-bebê é tão fundamental.
Qualquer situação que interfira negativamente no estabelecimento de um bom vínculo pode prejudicar de formas e graus variados o desenvolvimento psíquico da criança, gerando algum tipo de transtorno, como o TDAH, por exemplo.
Já em relação a fatores neurológicos, podemos citar:
- Desequilíbrios neuroquímicos: desequilíbrios em neurotransmissores, como a dopamina, e outros;
- Diferenças estruturais e funcionais no cérebro: algumas pesquisas indicam que pessoas com TDAH podem ter diferenças na estrutura e função de certas áreas do cérebro, particularmente aquelas relacionadas ao controle da atenção e atividade;
- Dieta e nutrição: prematuridade ou baixo peso ao nascer, também podem influenciar negativamente no desenvolvimento psíquico.
TDAH, Autismo e dislexia: diferenças
Às vezes eles se confundem, principalmente quando se trata de crianças muito pequenas.
Entretanto, cada um deles é um transtorno distinto, com suas características e desafios específicos, embora possam compartilhar algumas sobreposições em termos de sintomas ou comportamentos.
Já vimos que TDAH é primariamente um transtorno de regulação da atenção e do controle de impulsos.
Já a Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem com uma origem neurológica que afeta principalmente as habilidades de linguagem.
Caracteriza-se principalmente por:
- Dificuldades com habilidades de leitura, escrita e ortografia;
- Problemas com reconhecimento de letras, decodificação de palavras e compreensão leitora.
Não é um problema de inteligência ou vontade de aprender.
Geralmente identificada na infância, continua ao longo da vida.
O Autismo (Transtorno do Espectro Autista – TEA) é um transtorno do desenvolvimento que afeta a capacidade de uma pessoa de se comunicar e interagir com outros.
E como a própria nomenclatura diz, possui diferentes graduações.
Suas características principais são:
- Dificuldades na comunicação e interação social;
- Comportamentos repetitivos e interesses restritos;
- Resposta atípica a estímulos sensoriais.
Varia muito em severidade, com alguns indivíduos apresentando habilidades intelectuais significativamente impactadas e outros tendo habilidades intelectuais típicas ou superiores.
As diferenças-chave entre esses transtornos são relacionados à origem e natureza:
- O TDAH é focado em atenção e autocontrole;
- Dislexia é um transtorno de aprendizagem focado em linguagem;
- Autismo é um transtorno do desenvolvimento que afeta a comunicação e o comportamento social.
Quais são as diferenças nos sintomas de TDAH em crianças e nos adultos?
Embora o transtorno tenha uma base consistente em termos de desafios com atenção, hiperatividade e impulsividade, a maneira como estes sintomas se manifestam pode variar de acordo com a idade.
Veja mais!
Sintomas de TDAH em crianças
- Inquietação e hiperatividade: Movimentação constante, como correr ou escalar móveis inapropriadamente; dificuldade em permanecer sentado, especialmente em ambientes calmos ou estruturados; frequentemente a mil, ligado no 220;
- Desafios de Atenção: Facilidade em se distrair com estímulos externos; dificuldade em manter o foco em tarefas ou jogos; esquecimento das atividades diárias;
- Impulsividade: Interrupção constante de conversas ou atividades dos outros; dificuldade em esperar a vez em jogos ou grupos; agir sem considerar as consequências;
- Problemas na escola: Dificuldade em seguir instruções e completar tarefas escolares; erros por descuido por pressa em terminar os trabalhos escolares; problemas na organização e no gerenciamento do tempo;
- Fatores emocionais: Mudanças rápidas e intensas de humor; frustração rápida diante de desafios ou fracassos; odeiam perder em jogos.
Sintomas de TDAH em adultos
- Dificuldades de atenção: Problemas em manter o foco em tarefas de longa duração ou leituras extensas; tendência a cometer erros por descuido no trabalho ou em outras atividades; facilidade para se distrair com pensamentos alheios à tarefa em mãos;
- Hiperatividade menos aparente: Sentimentos de inquietação interna; tendência a se envolver em múltiplas tarefas simultaneamente; dificuldade em relaxar sem fazer algo estimulante;
- Impulsividade: Tomada de decisões impulsivas em finanças, relações ou compromissos; interrupções frequentes em conversas ou em reuniões; impaciência e dificuldade em esperar;
- Desorganização e problemas de gerenciamento de tempo: Dificuldades em organizar tarefas e administrar o tempo eficientemente; tendência a procrastinar e a não cumprir prazos;
- Desafios emocionais e sociais: Instabilidade emocional e mudanças rápidas de humor; problemas em manter relacionamentos estáveis; baixa autoestima e sensação de não realizar o todo seu potencial;
- Problemas no trabalho: Dificuldades em manter a organização no ambiente de trabalho; problemas em seguir rotinas e cumprir prazos; desafios em manter um emprego a longo prazo.
Importante observar que para um diagnóstico de TDAH em adultos, geralmente é necessário que os sintomas tenham começado na infância, mesmo que não tenham sido reconhecidos ou diagnosticados na época.
Adultos frequentemente desenvolvem estratégias para lidar com os sintomas do TDAH, o que pode tornar algumas das manifestações menos óbvias em comparação com as crianças.
Mas, independentemente da idade, os sintomas de TDAH devem causar um impacto significativo no funcionamento diário ou na qualidade de vida para serem considerados parte do transtorno.
Como saber se tenho TDAH sendo adulto? 9 sinais e sintomas do TDAH em adultos!
Você se identifica com algum?
1. Hiperfoco TDAH
O hiperfoco é um fenômeno associado ao TDAH, apesar de parecer contraditório, dado que o TDAH é frequentemente caracterizado por dificuldades de atenção.
O hiperfoco no contexto do TDAH refere-se à capacidade intensa de concentração em uma atividade ou tarefa específica que é de grande interesse para a pessoa.
Características do hiperfoco em TDAH:
- Concentração intensa: Indivíduos com TDAH podem se tornar profundamente imersos em certas atividades, a ponto de perderem a noção do tempo e ignorarem outras necessidades ou tarefas;
- Seleção de tarefas: O hiperfoco geralmente ocorre em atividades que são altamente estimulantes ou gratificantes para a pessoa, como jogos de vídeo, hobbies, leitura ou mesmo algumas tarefas específicas do trabalho;
- Desconsideração do entorno: Durante o hiperfoco, uma pessoa pode não notar o que está acontecendo ao seu redor e pode negligenciar responsabilidades importantes, como comer, dormir ou realizar tarefas programadas;
- Dificuldade em mudar de tarefas: Pode ser difícil para a pessoa com TDAH interromper a atividade na qual está hiperfocada, mesmo quando sabe que é necessário mudar para outras tarefas.
2. Desatenção TDAH
Embora o TDAH seja frequentemente associado à hiperatividade, muitos indivíduos apresentam predominantemente sintomas de desatenção, especialmente em adultos, como:
- Dificuldade em manter o foco: Pessoas com TDAH podem ter dificuldade em manter a atenção em tarefas que exigem concentração contínua, especialmente se forem rotineiras ou menos interessantes;
- Facilidade em se distrair: Estímulos externos, como ruídos, movimentos ou pensamentos internos, podem facilmente distrair indivíduos com TDAH;
- Esquecimento e desorganização: A desatenção no TDAH pode se manifestar como esquecimento de tarefas diárias, perda de objetos, ou dificuldade em organizar tarefas e cumprir prazos;
- Problemas em concluir tarefas: Pessoas com TDAH frequentemente iniciam várias tarefas, mas têm dificuldade em terminá-las devido à perda de foco;
- Dificuldades na gestão do tempo: A percepção do tempo pode ser distorcida em pessoas com TDAH, resultando em má administração do tempo e atrasos frequentes.
Impactos da desatenção:
- Desempenho acadêmico e profissional: Dificuldades com a atenção podem afetar negativamente o desempenho escolar e profissional;
- Relacionamentos sociais: A desatenção pode ser interpretada erroneamente como desinteresse ou descaso em relações interpessoais;
- Autoestima e motivação: Falhas constantes e críticas podem afetar a autoestima e a motivação.
3. TDAH e Hiperatividade
A hiperatividade, quando presente, é um dos aspectos mais visíveis do TDAH.
Em crianças, a hiperatividade geralmente se manifesta como uma energia excessiva.
Crianças com TDAH podem parecer estar constantemente em movimento ou podem ter dificuldade em permanecer sentadas.
Em adultos, a hiperatividade pode ser menos óbvia.
Pode se manifestar como inquietação, dificuldade em relaxar, ou uma sensação interna de agitação.
Além disso, a hiperatividade pode interferir na capacidade de uma pessoa de completar tarefas, manter-se organizada, ou se comportar de maneira socialmente apropriada.
Em ambientes como escolas ou locais de trabalho, a hiperatividade pode ser particularmente desafiadora.
Contudo, nem todas as pessoas com TDAH apresentam hiperatividade.
Algumas podem ter predominantemente sintomas de desatenção, enquanto outras têm uma combinação de desatenção e hiperatividade/impulsividade.
4. TDAH ou ansiedade?
Quem tem TDAH pode ter transtorno de ansiedade associado? Sim.
Na verdade, é relativamente comum que indivíduos com TDAH apresentem condições coexistentes ou comorbidades, e a ansiedade é uma das mais comuns.
Alguns sintomas de ansiedade podem se sobrepor aos do TDAH, como:
- Dificuldades de concentração;
- Inquietação;
- Irritabilidade.
Isso pode tornar o diagnóstico mais desafiador.
As dificuldades associadas ao TDAH, como problemas de organização, esquecimento e atrasos, assim como preocupações constantes com o desempenho no trabalho ou nas relações interpessoais, podem levar ao desenvolvimento de ansiedade.
5. Impulsividade
A impulsividade no TDAH é frequentemente vista como uma tendência a agir sem pensar nas consequências, tomar decisões precipitadas e ter dificuldade em controlar comportamentos impulsivos.
Essa característica é mais proeminente em indivíduos com o tipo hiperativo/impulsivo do TDAH, mas também pode ser observada naqueles com o tipo combinado.
Veja sintomas e sinais:
- Comportamento impulsivo: Pessoas com TDAH podem ter dificuldade em esperar sua vez, interromper outros durante conversas, agir sem consideração pelas regras ou normas sociais e tomar decisões apressadas sem avaliar adequadamente as consequências;
- Decisões impulsivas: A impulsividade pode levar a decisões apressadas em várias áreas da vida, incluindo finanças, trabalho, relações pessoais e comportamentos de risco;
- Dificuldade na autorregulação: A impulsividade no TDAH está frequentemente ligada a desafios na autorregulação, que é a habilidade de controlar emoções, comportamentos e atenção.
A impulsividade pode afetar relacionamentos pessoais e profissionais, levando a mal entendidos e conflitos.
Em alguns casos, a impulsividade pode aumentar a probabilidade de comportamentos de risco, como dirigir de forma imprudente ou abuso de substâncias.
6. Variações de humor
O TDAH pode gerar variações de humor?
Sim, pessoas com TDAH podem experimentar mudanças rápidas de humor e podem parecer mais emocionalmente reativas do que outras.
Essas variações de humor podem ser influenciadas por vários fatores relacionados ao TDAH, tais como:
- Reatividade emocional: Indivíduos com TDAH podem ter uma resposta emocional mais intensa a eventos cotidianos. Eles podem sentir alegria, frustração, irritação ou tristeza de forma mais profunda e repentina;
- Frustração com desafios do TDAH: A dificuldade em gerenciar tarefas, a desorganização e o esquecimento típicos do TDAH podem levar a sentimento de frustração ou insatisfação, que podem rapidamente oscilar para outros estados emocionais;
- Impulsividade: A impulsividade, uma característica comum do TDAH, pode contribuir para decisões ou reações emocionais repentinas e sem reflexão prévia;
- Sensibilidade à rejeição: Muitas pessoas com TDAH são sensíveis à rejeição e à crítica, o que pode levar a mudanças rápidas de humor em resposta a feedback negativo ou conflitos interpessoais;
- Dificuldades de regulação emocional: Algumas pesquisas sugerem que pessoas com TDAH podem ter dificuldades na regulação emocional, o que pode resultar em variações de humor mais frequentes ou intensas.
7. Desorganização
Veja sinais e sintomas:
- Desorganização espacial: Dificuldade em manter espaços de trabalho ou pessoais arrumados e organizados. Isso pode incluir quartos bagunçados, mesas de trabalho desordenadas e dificuldade em manter a ordem em casa;
- Gerenciamento do tempo: Desafios com a percepção do tempo e gerenciamento eficiente dele, levando a atrasos, esquecimento de compromissos ou dificuldade em cumprir prazos;
- Planejamento e execução de tarefas: Dificuldade em planejar, priorizar e concluir tarefas. Pessoas com TDAH muitas vezes começam várias tarefas ao mesmo tempo, mas têm dificuldade em finalizá-las;
- Organização das atividades diárias: Problemas em estabelecer e manter rotinas diárias, o que pode afetar a higiene pessoal, refeições e tarefas domésticas;
- Manuseio de documentos e finanças: Dificuldades em gerenciar papelada, documentos importantes e finanças, o que pode levar a desordem administrativa e problemas financeiros.
Pessoas com TDAH podem ter dificuldade em manter o foco em tarefas que requerem organização e atenção aos detalhes.
A impulsividade pode levar a começar novas tarefas antes de concluir as antigas, contribuindo para a desorganização.
A inquietação e a necessidade de movimento podem dificultar a permanência em tarefas que exigem organização por períodos prolongados.
Utilizar aplicativos de gerenciamento de tempo, lembretes e listas de tarefas, além de criar um ambiente de trabalho ou de estudo estruturado e com poucas distrações podem ajudar na organização.
8. Procrastinação crônica
A procrastinação crônica está associada ao TDAH?
Sim, embora a procrastinação possa ser um comportamento comum em muitas pessoas, ela tende a ser mais prevalente e problemática em indivíduos com TDAH devido a vários aspectos do transtorno.
Fatores do TDAH que contribuem para a procrastinação:
- Pessoas com TDAH muitas vezes acham difícil manter a atenção em tarefas que consideram monótonas ou desafiadoras, levando à tendência de adiar essas tarefas;
- A desorganização e as dificuldades com o gerenciamento de tempo são características comuns do TDAH, o que pode dificultar o início ou a conclusão de tarefas em tempo hábil;
- Indivíduos com TDAH podem ter uma menor tolerância à frustração, o que os torna mais propensos a evitar tarefas que consideram difíceis ou tediosas.
A procrastinação pode ser uma forma de lidar com sentimentos de ansiedade ou estresse relacionados a certas tarefas ou responsabilidades.
9. Desafios profissionais
Veja áreas profissionais onde o TDAH causa impacto:
- Dificuldades em estimar quanto tempo as tarefas levarão e gerenciar eficientemente o tempo ao longo do dia;
- Desafios em manter a organização no local de trabalho, seja em termos de espaço físico ou de gerenciamento de tarefas e responsabilidades;
- Problemas para manter a atenção em tarefas que exigem foco prolongado, especialmente se forem consideradas monótonas ou desinteressantes;
- Dificuldade em lidar com ambientes de trabalho barulhentos ou visualmente estimulantes, o que pode levar à distração ou ao estresse;
- Tendência a começar muitas tarefas, mas ter dificuldade em completá-las, principalmente se surgirem novas tarefas mais estimulantes;
- Propensão a adiar tarefas, especialmente aquelas percebidas como desafiadoras ou desagradáveis;
- Em contraste com a distração, algumas pessoas com TDAH podem se tornar hiperfocadas em uma única tarefa ou detalhe, negligenciando outras responsabilidades;
- Desafios em controlar impulsos, podendo resultar em interrupções frequentes de colegas ou em participações impulsivas em reuniões;
- Dificuldade em gerenciar relações profissionais devido a mal entendidos ou conflitos decorrentes de questões de comunicação ou de comportamento impulsivo;
- Resistência ou dificuldade em se adaptar a mudanças no ambiente de trabalho, como novas rotinas, sistemas ou hierarquias.
Leia também: Sintomas do TDAH no trabalho: como lidar? 7 dicas especiais!
Como tratar TDAH na vida adulta?
Confira algumas dicas de ouro!
Medicamentos para TDAH
Conforme orientações da psicologia e psiquiatria, o tratamento padrão compreende:
Medicação: O uso de medicamentos estimulantes é comum, mas a dosagem e o tipo podem variar.
Considera-se, igualmente, a possibilidade de medicamentos não estimulantes, especialmente quando há preocupações com efeitos colaterais ou comorbidades.
Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e TDAH
TCC é uma abordagem eficaz para ajudar adultos a gerenciar os sintomas do TDAH, focando em modificar pensamentos e comportamentos desadaptativos.
Coaching e estratégias de vida para TDAH
O coaching para TDAH tem como objetivo principal auxiliar em:
- Organização;
- Gerenciamento do tempo;
- Desenvolvimento de habilidades de planejamento.
Nesse contexto, são implementadas estratégias específicas para enfrentar desafios tanto no ambiente de trabalho quanto na vida adulta.
Outras estratégias são:
- No tratamento de comorbidades associadas ao TDAH, é adotada uma abordagem abrangente, focalizando condições coexistentes como depressão, ansiedade ou abuso de substâncias, que são mais comuns em adultos que convivem com o TDAH;
- O envolvimento da família desempenha um papel crucial no tratamento do TDAH em crianças, enquanto em adultos, o suporte pode ser proveniente de parceiros, familiares, amigos próximos e até mesmo dos gestores de Recursos Humanos das empresas;
- Um elemento essencial para o manejo eficaz do TDAH é o acompanhamento contínuo. Tanto crianças quanto adultos beneficiam-se de uma vigilância regular realizada por profissionais de saúde, que monitoram a eficácia do tratamento e efetuam ajustes conforme necessário, promovendo assim uma abordagem personalizada e adaptável às necessidades individuais.
Livros sobre TDAH
Ler sobre TDAH pode ser incrivelmente útil para entender melhor o transtorno, aprender estratégias de manejo e encontrar conforto nas experiências compartilhadas por outros.
Estes livros são recursos valiosos tanto para quem tem TDAH quanto para aqueles que desejam entender melhor o transtorno:
- TDAH – Crianças que desafiam, de Marise Jalowitzki: o livro aborda o TDAH em crianças, oferecendo informações sobre diagnóstico, tratamento e manejo. É uma obra que ajuda pais e educadores a entenderem melhor as necessidades de crianças com TDAH;
- TDAH ao Longo da Vida: Transtorno de Défit de Atenção/ Hiperatividade, de Mario Rodrigues Louzã Neto: focado no TDAH em adultos, este livro oferece uma visão abrangente sobre o transtorno nesta fase da vida, abordando diagnóstico, tratamento e estratégias para lidar com os desafios diários;
- TDAH Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Desafios, Possibilidades e Perspectivas Interdisciplinares, de Edyleine Bellini Peroni Benczik: este livro aborda o TDAH oferecendo uma perspectiva multidisciplinar que inclui aspectos históricos, diagnóstico, tratamentos, intervenções no contexto familiar e escolar, e depoimentos reais, visando fornecer conhecimento embasado em evidências científicas para profissionais da Saúde e Educação, familiares e pacientes, promovendo saúde mental, funcionalidade e qualidade de vida;
- Vencendo o TDAH Adulto: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, de Russell A. Barkley e Christine M. Benton: este livro aborda questões de concentração, organização, controle emocional e ações, proporcionando eficientes meios para desenvolver potencialidades e alcançar objetivos tanto no ambiente de trabalho quanto nos relacionamentos pessoais;
- Mentes inquietas, de Ana Beatriz Barbosa Silva: este livro oferece esclarecimentos sobre o TDAH, destacando sintomas, manifestações variadas, impacto nas diferentes áreas da vida e enfatizando a possibilidade de minimizar seu impacto com informação e acompanhamento médico adequados.
Filmes sobre TDAH
Embora estes filmes sugeridos aqui nem sempre sejam focados exclusivamente no TDAH, eles oferecem representações e narrativas que podem ser relevantes para entender melhor as experiências e desafios associados a esse transtorno. Confira:
- Percy Jackson e o Ladrão de Raios (2010): embora o filme seja uma fantasia baseada em mitologia grega, o personagem principal, Percy Jackson, é retratado como tendo TDAH e dislexia, que são explicados no filme como traços comuns entre os semideuses;
- Como Estrelas na Terra (2007): este filme indiano conta a história de um menino disléxico, mas também aborda questões relacionadas ao TDAH. A narrativa foca em como o sistema educacional nem sempre atende às necessidades de crianças com estilos de aprendizagem diferentes;
- O Contador (2016): o personagem principal, interpretado por Ben Affleck, mostra traços de TDAH juntamente com aspectos do espectro autista. O filme explora sua vida desde a infância até a idade adulta, abordando as dificuldades que enfrenta devido às suas condições neurológicas.
Leia também: 14 séries e filmes sobre TDAH e outras neurodivergências: conheça mais sobre o assunto!
TDAH e alimentação
Há um interesse crescente na possível relação entre a alimentação e o TDAH.
No entanto, é importante ressaltar que a alimentação isoladamente não causa nem cura o TDAH; no entanto, certos aspectos podem influenciar os sintomas em algumas pessoas.
Embora vários estudos tenham explorado essa relação, as conclusões ainda são mistas e sujeitas a debates contínuos na comunidade científica.
Principais pontos da relação entre alimentação e TDAH incluem:
- Aditivos alimentares e corantes: Alguns estudos sugeriram que aditivos alimentares e corantes artificiais podem aumentar a hiperatividade em algumas crianças, incluindo aquelas com TDAH. Contudo, essas descobertas não são consistentes em todos os estudos;
- Dieta de eliminação: Dietas de eliminação, que removem certos alimentos para verificar se os sintomas do TDAH melhoram, têm sido exploradas. Algumas famílias relatam melhorias nos sintomas com a remoção de alimentos específicos, mas esses resultados são muito individuais e não universalmente aplicáveis;
- Ácidos graxos ômega-3: Há evidências sugerindo que os ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes e alguns óleos vegetais, podem ter um efeito benéfico nos sintomas do TDAH. Alguns estudos sugerem que a suplementação com ômega-3 pode ajudar a melhorar a atenção e reduzir a hiperatividade e impulsividade;
- Dieta equilibrada: Uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, é importante para o desenvolvimento cerebral e pode ajudar no manejo geral dos sintomas do TDAH;
- Açúcar e TDAH: A ideia de que o açúcar causa hiperatividade é popular, mas a pesquisa não sustenta consistentemente essa conexão. Embora uma dieta rica em açúcar possa não ser saudável por vários motivos, não há evidências claras de que o açúcar especificamente cause TDAH ou exacerbe seus sintomas na maioria das pessoas;
- Intolerâncias alimentares: Em alguns casos, intolerâncias ou alergias alimentares podem exacerbar os sintomas do TDAH, mas isso varia muito de pessoa para pessoa.
Entretanto, não faça nenhuma mudança significativa na dieta, especialmente em crianças, sem antes consultar um médico ou nutricionista, pois somente eles podem ajudar a garantir que a dieta seja equilibrada e atenda às necessidades nutricionais individuais.
A dieta alimentar pode desempenhar um papel no manejo dos sintomas do TDAH para algumas pessoas, mas ela é apenas uma parte de um plano de tratamento mais amplo.
Mais pesquisas são necessárias para entender completamente a relação entre alimentação e TDAH.
TDAH tem cura?
Assim como em outros tipos de transtornos psíquicos, até agora, não existe uma cura para o TDAH, mas existem muitas estratégias eficazes de tratamento e manejo que podem ajudar a reduzir os sintomas e melhorar o funcionamento, como já foi dito anteriormente.
Outras estratégias podem ser:
- Modificações no estilo de vida: Exercícios regulares, uma dieta equilibrada, sono adequado e técnicas de redução de estresse podem ajudar a gerenciar os sintomas;
- Suporte educacional e profissional: Ajustes e acomodações no ambiente educacional e de trabalho podem ajudar a melhorar o desempenho e o sucesso;
- Educação e apoio: Educar as pessoas com TDAH, suas famílias e colegas sobre o transtorno pode levar a uma maior compreensão e apoio.
Teste para TDAH em adultos
Saber se você tem TDAH na idade adulta envolve uma série de passos e considerações.
O TDAH em adultos pode ser menos óbvio do que em crianças, e muitas vezes é confundido com estresse ou outras condições.
Adultos com TDAH podem apresentar:
- Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades rotineiras;
- Tendência a procrastinar;
- Desafios com a organização e a conclusão de tarefas;
- Esquecimento frequente em atividades diárias;
- Dificuldade em seguir instruções;
- Impulsividade e dificuldade em controlar emoções;
- Inquietação ou dificuldade em ficar parado;
- Problemas com a autogestão e a regulação do tempo.
Pense se esses sintomas são uma ocorrência regular e se eles têm um impacto negativo significativo em diferentes áreas da sua vida, como trabalho, relacionamentos e atividades sociais;
Reflita sobre sua infância. O TDAH frequentemente começa na infância, embora possa não ter sido diagnosticado naquela época.
Você se identifica com algum dos sinais acima?
Tratamento para TDAH em adultos: Como a Psicanálise pode ajudar?
Uma diferença crucial na abordagem psicanalítica para todos os tipos de sofrimento psíquico é que a Psicanálise não atua exclusivamente a partir dos sintomas que o paciente traz para o consultório como queixa, como fazem por exemplo a Terapia Cognitivo Comportamental dentro da Psicologia, ou a Psiquiatria.
O diagnóstico aplicado pela Psicanálise se refere às estruturas psíquicas do sujeito, e não aos sintomas que ele apresenta, estruturas essas definidas conceitualmente primeiramente por Freud e aperfeiçoadas por Jacques Lacan, como sendo estruturas:
- Neurótica obsessiva;
- Histérica;
- Psicótica;
- Perversa.
Isso tem a ver com o modus operandi, o modo de funcionamento de cada sujeito.
Ou seja, qual é o papel do psicanalista no tratamento de TDAH, por exemplo?
O psicanalista colabora com o paciente ao pensar conjuntamente, ouvi-lo e acolhê-lo, no sentido de ouvir sem pré-julgamentos.
Juntos, eles buscam compreender como se desenvolveram os comportamentos e sintomas, que são, na verdade, mecanismos de defesa do sujeito em face de situações difíceis e confusas vividas nos primeiros anos de sua vida.
Em contrapartida, na psicologia e na psiquiatria, o diagnóstico é feito preponderantemente pela observação dos sintomas que a pessoa apresenta com uma dimensão quantitativa.
Por exemplo, para uma pessoa ser diagnosticada com TDAH ela necessita ter um número mínimo de sintomas durante um tempo determinado, a partir de uma certa idade.
É claro que a Psicanálise também leva em conta os sintomas do paciente.
Mas é a dedução que se faz, a partir dos sintomas, a partir do modo de funcionar daquela pessoa, que nos levará a supor, inicialmente, e comprovadamente, após algumas sessões, que aquele sujeito é um neurótico obsessivo, histérico ou um não neurótico, ou seja, um borderline, ou bipolar ou psicótico.
Portanto, a Psicanálise examinará o funcionamento psíquico de uma pessoa rotulada com TDAH.
Embora a Terapia Cognitivo Comportamental seja a abordagem indicada para o tratamento do TDAH, sendo eficaz, não há impedimento para que indivíduos com TDAH realizem sessões de psicanálise.
Isso possibilita que compreendam o seu modo de funcionamento, os motivos por trás dele, o que frequentemente contribui de maneira extremamente positiva para a compreensão e aceitação pessoal, além de ajudar na elaboração de estratégias para enfrentar as situações que geram medo e ansiedade.
Como já comentamos no início do texto, sim, a Psicanálise pode oferecer uma perspectiva única no tratamento de pessoas com TDAH, embora não seja o tratamento padrão para este transtorno.
A Psicanálise se concentra na exploração do inconsciente, das experiências passadas e dos processos mentais internos para compreender e resolver conflitos psíquicos.
Aqui estão algumas maneiras pelas quais a Psicanálise pode ser aplicada no contexto do TDAH:
- Pode ajudar a entender como as emoções subjacentes e as experiências passadas afetam o comportamento atual. Isso pode ser particularmente útil para indivíduos com TDAH que experimentam problemas emocionais como baixa autoestima, frustração e ansiedade;
- Pessoas com TDAH muitas vezes desenvolvem mecanismos de defesa para lidar com suas dificuldades. A psicanálise pode ajudar a identificar e trabalhar esses mecanismos para encontrar formas mais saudáveis de lidar com os desafios;
- A Psicanálise encoraja a introspecção e a autorreflexão, o que pode ajudar indivíduos com TDAH a ganhar uma compreensão mais profunda de seus padrões de pensamento e comportamento;
- Muitas vezes, o TDAH coexiste com outras questões psicológicas, como depressão ou ansiedade. A Psicanálise pode ser extremamente eficiente e útil no tratamento dessas condições coexistentes.
A Psicanálise pode oferecer insights valiosos para algumas pessoas com TDAH, especialmente no que diz respeito a questões emocionais e psicológicas mais profundas.
Pode ser aplicada concomitantemente a outros tratamentos, como a TCC.
- Leia também meu outro artigo: Psicanálise freudiana: como pode nos ajudar a ter uma vida mais saudável?
Uma reflexão final
Se você chegou até aqui, talvez seja porque foi diagnosticado com TDAH e veio conferir se as informações condizem com o que se passa em sua vida.
Ou talvez conheça alguém, um colega de trabalho, tenha um sobrinho, filho, e queira entender a questão.
Ou, simplesmente, esteja aqui por curiosidade.
Seja quem for, saiba que assim como a diabetes, pressão alta e outras doenças físicas que não têm cura ou modos de sofrimentos psíquicos, é possível conviver com os desafios diários que essa patologia traz.
O TDAH é um diagnóstico psiquiátrico baseado em perguntas e respostas, sendo quase impossível não nos identificarmos com um ou outro sintoma.
Embora exista desde o século XVIII, não podemos ignorar a contemporaneidade e o sistema em que vivemos hoje, com apelos externos ao prazer fortíssimos, como streaming de filmes, músicas, internet, smartphone e redes sociais, que podem ser fatores contribuintes para o aumento da ocorrência dos sintomas de desatenção e hiperatividade nas pessoas de modo geral.
Às vezes, um diagnóstico não ajuda a pessoa; às vezes, serve apenas para tranquilizar familiares, amigos e colegas de trabalho: “Ah, então tá explicado”.
Muitas vezes, ocorre a estigmatização desde a infância ou, mais tarde, a estigmatização no ambiente de trabalho.
Algumas pessoas sabem, mas escondem seu diagnóstico em entrevistas de emprego por medo de rejeição.
Percebe a dimensão do problema?
E não saber também não facilita, porque muitas vezes o sujeito se angustia com sua procrastinação, com sua impulsividade exacerbada, gostaria de agir de modo diferente e simplesmente não consegue.
Nesses casos, saber tranquiliza, e torcemos para que o diagnóstico esteja correto.
A máxima popular do senso comum, “Querer é poder”, não funciona em 99% dos casos, e o sujeito acaba pensando que ele é o errado, que ele é o problema.
A Psicanálise nos ensina a todo momento que querer não é poder.
Mas saber, entender, compreender, sim, confere o poder à pessoa, cheia de potência de vida (mas também cheia de medo por defesa, insegurança), de se tornar mais autônoma, mais independente, mesmo nas dores, mesmo nas contrariedades, mesmo nos momentos mais difíceis da vida, porque percebe que é possível viver sem tantas defesas psíquicas inconscientes, sem tanto autoengano, com mais coragem de compreender, e desejo de compreender, a si mesmo e o que foi a sua história.
Aos poucos, a cada sessão, vamos amando mais a vida.
Não a vida idealizada, utópica, vendida em filmes e nas redes sociais, mas a vida real, como ela é, com dias bons e outros não tão bons.
Dias mais tranquilos e outros mais desafiadores, mas com a diferença de que agora você entende que essa volta ao passado que a Psicanálise possibilita possui um potencial transformador, possui o poder de religar você à sua potência original que ficou perdida lá no passado.
E isso ajuda a ver o mundo de uma forma diferente.
Espontaneamente, e aos poucos, percebemos que precisamos cada vez menos do olhar externo, da aprovação externa, da validação externa, e paradoxalmente, é exatamente isso que nos aproxima cada vez mais das pessoas sem a necessidade de nos defendermos de tudo e de todos o tempo todo.
Faz sentido pra você?
Agende uma sessão de Psicanálise Integrativa!
Terapeutas Guia da Alma estão te esperando!