O que é Fobia social: tratamento através da Psicanálise integrativa!
Neste artigo, exploraremos em detalhes o que é a fobia social, seus sintomas, diferenças em relação à timidez, gravidade, diagnóstico, causas, tratamento para fobia social e até mesmo sugestões de filmes e livros que abordam esse tema.
No final, um teste (não oficial) poderá ajudá-lo a perceber se você é um fóbico social.
Sou Lourdes Maria Rivera, psicanalista integrativa Guia da Alma. Boa leitura!
Índice
A fobia social, também conhecida como Transtorno de Ansiedade Social (TAS), é um distúrbio de saúde mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso e estressado da América Latina, e o transtorno de ansiedade social, popularmente conhecido como fobia social, já alcança cerca de 13% dos brasileiros, ou aproximadamente 26 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo Congresso Brasileiro de Psiquiatria em 2021.
Segundo dados do Ministério do Trabalho,
“questões psicológicas figuram como a terceira principal causa de incapacidade entre os trabalhadores”.
Já a Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda informa que
“quase 180 mil pessoas se afastaram do trabalho por conta de transtornos mentais e comportamentais em 2017.”
Como se pode perceber, essa condição do transtorno de ansiedade social vai muito além da timidez comum e pode ter um impacto significativo na vida de quem a enfrenta.
A fobia social é caracterizada pelo medo intenso e persistente de situações sociais em que a pessoa pode ser julgada, avaliada ou exposta a um possível constrangimento.
Ou seja, para quem tem fobia social, manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares, ser observado em atividades cotidianas, como, por exemplo, comendo ou bebendo, e quaisquer situações de desempenho diante de outros, como fazer apresentação de trabalhos escolares, ou na empresa, ou ainda proferir palestras, é uma verdadeira tortura.
Os sintomas incluem:
- Ansiedade intensa antes e durante situações sociais acompanhada de sintomas físicos como tremores, sudorese, rubor, náusea a palpitações;
- Preocupação excessiva com julgamento ou rejeição;
- Evitação de situações sociais ou enfrentamento com extrema angústia.
O pior é que, segundo o DSM-5, Manual de Psiquiatria que classifica o transtorno de ansiedade social no espectro dos Transtornos de Ansiedade, e que é referência e utilizado no mundo todo, o indivíduo é ansioso porque
“teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente, isto é, será humilhante ou constrangedor, provocará a rejeição ou ofenderá a outros”.
Parece aquela situação que se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
O adulto fóbico social terá reações diferentes das crianças diante do desafio de enfrentar situações de interação social.
Ainda segundo o DSM-5,
“em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso chorando, com ataques de raiva, imobilidade, comportamento de agarrar-se, encolhendo-se ou fracassando em se comunicar através da fala em situações sociais.”
Entretanto, não é incomum que pessoas adultas reajam como as crianças.
Imagino que você pode estar pensando naquele seu amigo ou parente tímido, meio retraído, que troca qualquer balada pelo videogame solitário em seu quarto.
Será que ele é um fóbico social? Muito cuidado com julgamentos precipitados!
É importante destacar que a timidez e a fobia social são diferentes.
A timidez é uma característica de personalidade comum e não patológica, enquanto a fobia social é um transtorno de ansiedade.
A fobia social envolve um medo intenso que interfere significativamente na vida da pessoa.
Em alguns casos pode até mesmo ocorrer episódios de pânico.
O simples fato daquele seu amigo preferir ficar em casa lendo, enquanto você prefere dar um rolê com a turma, não faz dele uma pessoa com transtorno de ansiedade social, beleza?
A fobia social é considerada grave quando interfere na capacidade da pessoa de realizar atividades cotidianas, como trabalhar, estudar, relacionar-se e até mesmo sair de casa.
Se o medo de situações sociais prejudica a qualidade de vida e o bem-estar, é essencial buscar ajuda profissional.
Esse medo está ligado diretamente ao desempenho do indivíduo.
Segundo o DSM-5, as pessoas com transtorno de ansiedade social
“somente têm preocupações com desempenho que são mais prejudiciais em sua vida profissional”.
Por exemplo, músicos, dançarinos, artistas, atletas, ou em papeis profissionais que requer falar em público.
Ou seja: os medos de desempenho em geral se manifestam em contextos de trabalho, escola ou na vida acadêmica; situações nas quais são necessárias apresentações públicas regulares.
Situações sociais que não envolvam o desempenho podem ser enfrentadas com mais tranquilidade pelos portadores de fobia social, desde que eles não se sintam observados e, consequentemente, avaliados e julgados!
No entanto, quando alguém sente a pressão de atingir um desempenho específico em situações que envolvem avaliação, como um encontro amoroso ou até mesmo a primeira relação sexual com alguém recém-conhecido ou com quem mantém um relacionamento recente, podem surgir desafios.
Para os homens, isso pode manifestar-se através da ejaculação precoce ou dificuldade em manter uma ereção.
Já as mulheres que sofrem de fobia social podem experimentar tensão física, dificuldade em relaxar durante a relação e até mesmo dores vaginais devido ao receio de serem julgadas pelo parceiro.
Existe uma Escala de Fobia Social?
Não existe uma escala específica para a fobia social, mas os profissionais de saúde mental avaliam a gravidade com base na intensidade dos sintomas e no impacto nas atividades diárias.
Ela pode variar de casos leves a graves.
Uma pessoa que fica ansiosa apenas ocasionalmente em situações sociais não seria diagnosticada com transtorno de ansiedade social.
Todos nós, eventualmente, podemos não desejar enfrentar essa ou aquela reunião, essa ou aquela festa, por inúmeros motivos.
Isso não nos torna fóbicos sociais.
O teste de Liebowitz, ou Escala de Ansiedade e Evitação Social de Liebowitz (LSAS), é um dos instrumentos mais comuns usados por psiquiatras e psicólogos para diagnosticar a fobia social.
Ele avalia o grau de ansiedade e evitação em várias situações sociais.
Esse teste ajuda os profissionais a entender a gravidade da fobia social. Mas não é o único.
Existem outros igualmente eficazes.
Entretanto, é sempre bom lembrar que a psicanálise não trabalha com questionários ou testes de avaliação de qualquer ordem.
Embora a psicanálise não dependa fortemente de testes e questionários padronizados, isso não significa que essas ferramentas não tenham valor em contextos clínicos.
Em muitos casos, psicólogos e psiquiatras podem usar testes psicométricos para avaliar sintomas, medir o progresso do tratamento para fobia social e auxiliar no diagnóstico de transtornos específicos.
No entanto, a psicanálise continua a enfatizar a importância da exploração em profundidade da experiência subjetiva do paciente como parte integrante do processo terapêutico, como veremos adiante com mais detalhes.
- Leia também meu outro artigo: Como se livrar da dependência emocional? a Psicanálise pode ajudar!
As causas da fobia social são complexas e podem incluir fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos.
Resumidamente, alguns possíveis gatilhos incluem:
- Histórico familiar de ansiedade social, ou ambientes familiares extremamente instáveis, insalubres e/ou violentos;
- Desequilíbrios químicos no cérebro, que podem ser causados por má alimentação na primeira infância ou mesmo uso de substância tóxicas por parte da gestante;
- Experiências traumáticas em situações sociais no passado, como por exemplo, uma criança que vai se apresentar publicamente na escola e os colegas (ou até mesmo o professor) expõem a criança zombando, criticando negativamente, situações vexatórias de um modo geral;
- Pressões sociais e culturais para se encaixar em padrões, situações que se acentuaram bastante nas últimas décadas.
Identificar a fobia social envolve observar os sinais mencionados anteriormente, como ansiedade intensa em situações sociais e evitação significativa dessas situações, principalmente quando elas envolvem avaliações de desempenho da pessoa.
A obtenção de um diagnóstico preciso requer a avaliação de um profissional de saúde mental.
Alguns outros transtornos podem confundir o diagnóstico correto pela similaridade dos sintomas.
Por exemplo, os sintomas do transtorno da comunicação social podem se sobrepor aos do transtorno de ansiedade social.
Segundo o DSM-5
“a característica que os distingue é o momento de início dos sintomas.
No transtorno da comunicação social (…), o indivíduo nunca teve uma comunicação social efetiva; no transtorno de ansiedade social, as habilidades de comunicação social desenvolveram-se de forma correta, mas não são utilizadas devido a ansiedade, medo ou sofrimento acerca de interações sociais.”
Em crianças, a recusa de ir à escola pode ser por causa do transtorno de ansiedade social (fobia social).
A criança quer evitar a escola por medo de ser julgada negativamente pelos outros e não por não querer se separar de seus pais.
Medicamentos e tratamento convencional
Antidepressivos e benzodiazepínicos podem ser prescritos no tratamento para fobia social.
Eles podem ajudar a reduzir a ansiedade, mas devem ser administrados sob supervisão médica devido a possíveis efeitos colaterais.
Não cabe ao psicanalista prescrever qualquer tipo de medicamento.
Isso é papel do médico psiquiatra.
Exercícios
A prática regular de exercícios físicos pode ser benéfica para a saúde mental, incluindo a fobia social.
O exercício libera endorfinas, que podem ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar o humor.
Além disso, atividades físicas em grupo podem proporcionar oportunidades de interação social gradual.
Indicações de filmes e livros
Existem vários. Selecionei alguns:
- O Discurso do Rei (2010): retrata a jornada do Rei George VI (Colin Firth) ao superar sua gagueira e ansiedade social;
- Clube dos Cinco (1985): um grupo de adolescentes que, durante uma detenção na escola, revela suas lutas pessoais, incluindo a ansiedade social;
- O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2001): a personagem principal, Amélie (Audrey Tautou), lida com a solidão e a ansiedade social enquanto tenta melhorar a vida das pessoas ao seu redor;
- Taxi Driver (1976): o protagonista, Travis Bickle, representado pelo ator Robert de Niro, enfrenta problemas de isolamento social e alienação;
- As Vantagens de Ser Invisível (2012): o protagonista, Charlie (Logan Lerman), enfrenta o desafio de ir para a nova escola e se relacionar mesmo sofrendo bullying;
- O Verão da Minha Vida (2013): Duncan (Liam James) melhora sua autoestima conseguindo um emprego de verão longe da mãe e do padrasto tóxicos.
Que livros que abordam a fobia social?
- Falar, Escutar, Ler, Escrever, de Françoise Grellet: um livro que aborda a ansiedade social e a dificuldade de se comunicar;
- O Cérebro Ansioso, de Joseph LeDoux: explora as bases neurobiológicas da ansiedade social;
- O Poder do Agora, de Eckhart Tolle: oferece perspectivas espirituais para lidar com a ansiedade social e promover a paz interior;
- Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie: um guia prático para melhorar habilidades sociais.
Como em qualquer outro transtorno, a psicanálise pode desempenhar um papel importante no tratamento para fobia social, explorando as raízes psicológicas do medo social.
Ela ajuda o paciente a compreender padrões de pensamento e comportamento, bem como a lidar com experiências passadas que contribuíram para o desenvolvimento desse medo de ser observado, avaliado e julgado que a fobia social carrega.
A terapia psicanalítica envolve sessões regulares com um terapeuta, onde o paciente é encorajado a explorar seus pensamentos, emoções e memórias reprimidas.
O objetivo é promover o autoconhecimento e a resolução de conflitos internos, incluindo aqueles relacionados à fobia social.
A psicanálise, em comparação com a psiquiatria e a psicologia mais tradicionais, possui uma abordagem terapêutica e de compreensão da mente humana que é distinta e muitas vezes se baseia em princípios diferentes.
Isso explica por que a psicanálise não se concentra no uso de testes e questionários da mesma maneira que outras disciplinas.
Então, em que a psicanálise se concentra?
A psicanálise se concentra profundamente na subjetividade do sujeito.
Ela valoriza a narrativa pessoal do paciente, seus pensamentos, sentimentos e experiências.
Nós, psicanalistas, acreditamos que a compreensão profunda da mente de uma pessoa requer a exploração do material inconsciente, que não é acessível por meio de questionários padronizados.
A psicanálise entende que cada indivíduo é único e complexo.
Não é possível resumir a totalidade da experiência humana em um conjunto de perguntas fechadas.
Os processos psíquicos e as causas de problemas mentais são vistos como multifacetados e interconectados, o que não pode ser capturado por questionários de escolha múltipla.
Uma das bases da psicanálise é a exploração do inconsciente, que abriga pensamentos, desejos e memórias não acessíveis à consciência.
Esses aspectos inconscientes da mente não podem ser abordados por meio de questionários, pois muitas vezes o paciente não está ciente deles.
A psicanálise vê a terapia como um processo contínuo e em evolução, em vez de uma única avaliação.
O psicanalista trabalha com o paciente ao longo do tempo, explorando profundamente questões subjacentes e buscando insights em sessões contínuas.
A psicanálise enfatiza a importância da relação entre o terapeuta e o paciente, chamada por Freud de transferência.
Essa relação é vista como um ambiente seguro e confidencial no qual o paciente pode explorar livremente seus pensamentos e sentimentos.
O uso de questionários pode interferir nessa abordagem mais livre e aberta.
A fobia social é um desafio significativo, mas tratável.
A compreensão dos sintomas, diferenças em relação à timidez, diagnóstico, causas e opções de tratamento para fobia social, como a psicanálise, pode ser um primeiro passo importante para superar esse transtorno e melhorar a qualidade de vida.
Lembre-se de que a busca por ajuda profissional é fundamental para o tratamento eficaz da fobia social.
Agende uma sessão de Psicanálise Integrativa!
Terapeutas Guia da Alma estão te esperando!