Saúde mental materna: 7 dicas para o autocuidado das mães!
No mês das mães e maio furta cor, leia este artigo sobre saúde mental materna.
Você já deve ter ouvido a expressão de que quando nasce uma mãe, nasce um coque no cabelo e uma culpa.
Te peço para refletir um pouco sobre o assunto: será que já estamos tão acostumadas a ouvir frases como essas, que normalizamos a falta de cuidado, a ausência de rede de apoio, a culpa e tantos outros pensamentos e sentimentos negativos relacionados à maternidade?
A reflexão que compartilho aqui com vocês nasceu em mim há 12 anos, na escuridão do meu primeiro puerpério.
Como mãe de primeira viagem, já tinha lido de tudo, mas não tinha vivenciado nada, e aqui mora o primeiro gatilho para a exaustão mental das mães: conciliar sonhos, desejos, expectativas, realidade e possibilidades.
Era mais fácil eu acertar o ponto do suflê do que sair dessa experiência ilesa.
Tenho por princípio que podemos transformar tudo. Depois de um longo período (quase 2 anos e meio), consegui entender que precisava transformar a minha relação com a maternidade, pois essa era a base da minha depressão pós-parto. A partir daí tudo mudou.
Te convido a vir comigo para conhecer e compreender melhor essa jornada.
Sou Tatiana Fingermann, psicóloga e terapeuta complementar no Guia da Alma. Boa leitura!
Índice
- O que é saúde mental materna?
- Como melhorar a saúde materna: 7 dicas para o autocuidado das mães!
- 1. Ansiedade e depressão pós parto: como lidar?
- 2. Burnout materno: o que é e como lidar?
- 3. Maternidade, carreira e trabalho: como equilibrar?
- 4. Dicas de livros sobre maternidade
- 5. Esgotamento, ansiedade e estresse materno: como lidar?
- 6. Conte com uma rede de apoio para mães
- 7. Tipos de terapias para saúde mental materna: quais podem ajudar?
O que é saúde mental materna?
Não tem como falar de doença sem antes definir o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) entende como saúde:
“É um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a comunidade.”
A saúde mental implica muito mais do que a ausência de doenças mentais.
E a saúde mental materna? Esta é comemorada na primeira quarta feira de maio, mas sequer tem uma definição própria.
Sendo assim, vamos combinar aqui que saúde mental materna é o bem-estar geral, a prevenção e tratamento dos transtornos mentais da gestante até o puerpério, considerando as especificidades deste período em especial. E que deve seguir ao longo do desenvolvimento das crianças; afinal, a maternidade segue ao longo da vida da mãe.
Importância da saúde mental materna
Se abordar a saúde mental para a população em geral já é um desafio, abordar a saúde mental das mães é um desafio multiplicado, pois implica em olhar para mãe, bebê e todo o entorno da mulher.
Sabemos que o estado emocional da mãe afeta diretamente seu vínculo com os filhos, o cuidado com ela mesma e com o bebê e, consequentemente, seu desenvolvimento geral.
Vou seguir contando a minha história para ilustrar nosso conteúdo: o primeiro sinal de alerta de que as coisas não estavam bem aqui dentro foi a minha dificuldade em amamentar.
Sentia-me frustrada, cansada, dolorida e culpada. Pensava que era incapaz de dar o mínimo para a minha filha.
Como serei uma boa mãe se não amamentar? O que vão pensar de mim? eram frases constantes na minha cabeça, alimentadas por uma visão romântica, idealizada e que não condizia com a minha realidade de uma cesárea dolorida, uma tormenta hormonal e uma bebê com a pega errada.
Usei muita medicação para estimular a amamentação, nem vou entrar no mérito dos antidepressivos disfarçados, o que reforçam o estigma de que mãe não pode ficar doente, nem física nem mentalmente.
Ou seja, eu não era capaz de usar de fato minhas habilidades, não conseguia lidar com o estresse, que só aumentava, e meu bem-estar era inexistente… nada de uma saúde mental positiva, certo?
Maternidade real: dados e desafios
Em todo o mundo, segundo dados obtidos no Portal de Boas Práticas da FioCruz, a saúde mental materna é considerada um problema de saúde pública negligenciado, não só por governos, mas até mesmo por profissionais de saúde desde a gestação até o pós parto.
Estudos apontam que cerca de 10% das mulheres grávidas e 13% das mulheres no pós-parto sofrem de algum problema de saúde mental.
No Brasil, estimativas apontam que 26% das mulheres apresentam sintomas de depressão pós-parto.
Ressaltando aqui que não é só a depressão que adoece as mães após o nascimento do bebê!
Diagnósticos de ansiedade e pânico, estresse pós-traumático e psicose pós-parto acontecem com certa frequência e acabam sendo subnotificados, permanecendo sem tratamento adequado. Isso quando não ocorre uma sobreposição de sintomas e sensações.
Como melhorar a saúde materna: 7 dicas para o autocuidado das mães!
Mães saudáveis, bebês saudáveis: descubra como cuidar de si mesma pode ter um grande impacto na saúde do seu filho!
1. Ansiedade e depressão pós parto: como lidar?
Mesmo sendo psicóloga e terapeuta, eu demorei para perceber que o que eu sentia já estava comigo há um tempo e intensidade que necessitavam de um apoio profissional, por isso procure apoio médico e/ou psicológico se seu sofrimento for intenso ou duradouro.
O Baby Blues é um termo já conhecido entre grupos de mães, mas não devemos confundir ele com a depressão.
Este é um sentimento de tristeza e cansaço, às vezes choro, que surge entre o terceiro e décimo dia após o parto, causado pelas alterações hormonais. Com apoio e compreensão, ele vai aliviando até desaparecer em alguns dias.
Já a depressão pós-parto é um quadro que requer um tratamento específico. Sua tristeza é mais profunda e duradoura e o prejuízo ao vínculo mãe-bebê também.
Quando falamos de ansiedade materna, devemos considerar que cada mulher tem sua experiência em relação à maternidade e fatos anteriores ou mesmo atuais, como perda gestacional, parto prematuro, doenças fetais e mesmo se o bebê não foi planejado, interferem neste estado emocional.
Para algumas mulheres, a ansiedade aparece antes mesmo do teste de gravidez positivo, ainda no período de tentativas.
Podemos considerar normal um certo grau de ansiedade; afinal, muitas mudanças chegam com a gestação e em cada etapa, como a entrada na escola, o primeiro namoro…
Muitas mulheres tornam-se inquietas demais e com preocupações excessivas, o que atrapalham a vivência positiva de cada etapa.
Meditar, pesquisar, respirar e me movimentar foram passos importantes na minha virada:
- Ao meditar, consegui identificar os pensamentos disfuncionais;
- Ao pesquisar, já sabia um pouco mais do que esperar ou não em cada etapa da vida, aceitando que aqueles marcos eram indicativos e que cada criança tem seu tempo de desenvolvimento;
- Respirar me ajudou a não descompensar em alguns momentos e, por vezes, pedi ajuda para alguém me apoiar somente nisso, e aí entraram as caminhadas, no shopping mesmo. Nesses passeios conheci outras mães e formamos uma boa rede de conversas e trocas.
2. Burnout materno: o que é e como lidar?
O termo burnout é normalmente associado àquela exaustão do trabalho formal, mas cabe muito bem a jornada materna, que soma-se aos cuidados da casa, família e trabalho. Adiciona aqui, também o relacionamento, lidar com redes sociais, cobranças pessoais e tantas outras situações que aparecem…
Nossos papeis só são limitados de forma didática, para podermos falar deles. Na prática, eles somam-se, misturam-se e às vezes multiplicam-se.
Sem uma válvula de escape proporcional à demanda, podemos adoecer. Assim, o corpo justifica a necessidade de descanso da mente, onde nos negligenciamos para dar conta de tudo.
O diagnóstico, aqui, depende da avaliação de um profissional de saúde através dos sintomas, já que não existe um exame para detectar o burnout.
Os principais sinais emocionais do Burnout Materno são:
- Alterações de humor repentinas;
- Sentimento de derrota, fracasso;
- Irritação;
- Insegurança;
- Baixa autoestima;
- Tristeza.
Os aspectos físicos:
- Cansaço;
- Dores musculares;
- Dores de cabeça;
- Dores de estômago;
- Dificuldade de aprendizagem, memória e concentração.
Você percebe alguns desses sintomas em você?
3. Maternidade, carreira e trabalho: como equilibrar?
Já que falamos de burnout, não podemos deixar de fora o mercado de trabalho. Este poderia ser um capítulo à parte.
Sabemos que muitas mulheres seguem como mães solo e cabe somente a elas o sustento dos filhos. Outras têm a carreira como prioridade e interesse, e sofrem no desafio de equilibrar tantas demandas internas e externas.
Mas nem preciso trazer estatísticas oficiais para você lembrar de quantas mulheres conhecidas tiveram suas carreiras impactadas de forma negativa pela maternidade.
Fui uma delas. Minha filha mais velha estava com uns 6 meses de vida quando eu optei, por desejo e necessidade, voltar a trabalhar. Assumi um cargo de analista no RH de uma grande empresa que não durou 6 meses. Na primeira virose seguida de atestado, fui desligada da empresa.
Lembra que eu comentei que todas as experiências podem ser ressignificadas? Este episódio foi um empurrão para baixo na minha já abalada autoestima.
No processo de me autocurar, segui estudando, fazendo contatos e buscando caminhos alternativos. Isso me ajudou a enxergar esta nova mulher, novas ambições, novos medos, nova profissão!
Retomei minha paixão pela psicologia e outras terapias, investi em novos cursos e voltei a atender.
Ter mais tempo e maior flexibilidade davam-me uma maior tranquilidade; porém, esta mesma autonomia me dava medo, pois o financeiro é bem instável.
O que eu quero te mostrar é que não tem resposta certa. Ter bem claro seus valores, limites, disponibilidade e um bom planejamento familiar ajuda a traçar esta volta ao mercado, se for o seu desejo; se não for, também está tudo bem.
4. Dicas de livros sobre maternidade
Pela minha experiência, esses livros ajudam bastante durante esse processo:
- O que esperar quando você está esperando – Heidi Murkoff;
- Mulheres que Correm com Lobos — Clarissa Pinkola Estés;
- Educação Não Violenta – Elisama Santos;
- Mães em Guerra — Jill Kargman.
Veja também: Sagrado feminino: 10 livros para se aprofundar!
5. Esgotamento, ansiedade e estresse materno: como lidar?
Sempre tem alguém para palpitar, comentar ou ensinar algo sobre a criação dos filhos.
Confesso que, como mãe de três, já me peguei dando dicas não solicitadas e, na hora, me lembrei do quanto isso pode ser doloroso para quem está do outro lado.
Parentes, amigos, colegas de trabalho e até mesmo estranhos sempre têm alguma informação nova para compartilhar, o que é bom até certo ponto. Mas se tem uma lição que a maternidade me trouxe, foi a de que eu devo investir sempre na minha intuição.
Aprenda a ouvir seu corpo, sua intuição, a confiar na relação com seu filho. Valorize a comunicação entre vocês e sua rede de apoio, incentive e permita a atuação paterna, e use deste tempo para descansar corpo e mente. Defina um período para chamar de seu.
Sabe o exemplo da máscara de oxigênio que é demonstrada quando embarcamos no avião? Você precisa estar bem para cuidar de alguém.
Confira algumas dicas de autocuidado:
- Crie uma rede de apoio adaptada a você e suas necessidades, se possível desde a gestação. Você não está sozinha;
- Esqueça dos padrões ideais, perfeitos e acolha mais a si mesma. Peça e saiba receber ajuda;
- Reserve um tempo para você e seu autocuidado, faça qualquer tipo de atividade que lhe dê prazer;
- O feito é melhor do que o perfeito. Evite o perfeccionismo no cotidiano;
- Saia de casa! Sessões de cinema em parceria com o CineMaterna são um bom exemplo de passeio;
- Desapegue do controle!;
- Reveja a divisão de tarefas em casa, pelo menos temporariamente;
- Você é um ser holístico, lembre de cuidar do corpo, mente e espírito.
6. Conte com uma rede de apoio para mães
Em uma rede de apoio podem ser considerados todos os recursos que usamos a nosso favor no cuidado com o bebê e com as crianças.
Deveria ser algo natural, mas, na prática, ter uma rede de apoio é fonte de decepção e frustração para muitas mulheres.
Antigamente, era comum contar com o apoio de outras mulheres da família que, além de ajudar de forma prática, trocavam experiências, o que tornava o aprendizado do maternar algo mais fluido e leve.
Hoje, temos a distância, o trabalho e o desinteresse como desafios a serem superados, e a rede ganha buracos cada vez maiores.
Aprender o que e quem pode ser sua rede de apoio facilitará muito o processo e evitará a exaustão.
Está tudo bem reconhecer que a rede de apoio pode ser a escola, para os filhos mais velhos, o transporte escolar, a comida congelada, a faxineira eventual ou qualquer pessoa que facilite partes deste cuidado com você mesma com os nossos filhos.
Não tenha medo nem vergonha de pedir ajuda. Mostre ao seu parceiro, colegas e quem estiver próximo de você a sua necessidade. Pode ser um tempo a mais de descanso, uma mudança de horário no trabalho, uma massagem, ou mesmo um lanche.
Sabe aquela amiga que te liga para conversar? A vizinha que te oferece um café? Elas também são sua rede de apoio.
Perguntar à mãe do que ela precisa naquele momento fará de você uma excelente rede de apoio; afinal, são as necessidades dela que devem ser priorizadas neste momento. Às vezes, apenas ser uma boa ouvinte basta.
7. Tipos de terapias para saúde mental materna: quais podem ajudar?
Já falei lá atrás do quanto a intuição foi uma virada de chave na minha relação com a maternidade.
Para escutar minha mente, meu coração e meus filhos, eu precisei aprender a silenciar um pouco do barulhão que vem lá de fora e a meditação foi o começo de tudo.
A meditação Mindfulness entrou na minha vida para me ensinar o valor da compaixão, da aceitação, de ver todos estes pensamentos passarem por mim e eu permitir que eles simplesmente passem sem me assombrar.
Depois, trabalhei muito o perdão, comigo, com meus filhos e também meus ancestrais, com o Ho’oponopono.
Usei de Terapia Floral e das sessões de Reiki para me alinhar novamente.
Massagem e aromaterapia, a maravilhosa terapia do olfato, eram meus momentos de cuidado e trouxeram paz, para a minha relação com as crianças, através da aplicação da Massagem Shantala neles desde bebês.
Não existe uma terapia ideal, mas existe a intenção de se cuidar e permitir ser cuidada. Entregue ao processo.
O importante é cuidar de você. Vamos começar?