Como cuidar da saúde mental infantil? 8 dicas e 3 orientações!
Outubro é Rosa, mas é também mês das crianças, por isso o assunto de hoje é de extrema importância: saúde mental infantil.
A saúde mental é um tema que está em destaque neste momento, à medida que nos tornamos cada vez mais conscientes de nossa saúde e bem-estar.
No entanto, pouco se fala sobre como cuidar da saúde mental das crianças, pois ainda tendemos a acreditar que elas não têm motivos para sentir estresse, cansaço ou exaustão.
Como terapeuta infantil, tenho me deparado com crianças extremamente tensas.
Além de absorverem o estresse de seus pais, elas vivem sob pressão de múltiplas tarefas e obrigações que muitas vezes ultrapassam o necessário.
Parece que, de repente, ser criança se tornou algo proibido, com pouca margem para brincadeiras e momentos de relaxamento.
A todo momento, há compromissos a serem cumpridos, e desde o nascimento, os pais se preocupam em proporcionar o melhor para seus filhos.
São muitas atividades! Parece que os pais sentem que não estão cumprindo seu dever, a menos que seus filhos estejam matriculados em pelo menos três ou quatro cursos por semana, como natação, balé, futebol ou basquete.
Quantas vezes você já ouviu pais dizendo que no sábado estarão ocupados levando os filhos para um jogo, uma aula ou outra atividade qualquer?
Quando foi a última vez que você ouviu alguém dizer: “No sábado, minha filha vai apenas brincar”?
E brincar não significa dançar, tocar violino, praticar algum esporte, participar de um campeonato ou ir a uma festa organizada por adultos.
Brincar significa permitir que a criança seja livre para fazer o que quiser, com amigos ou sozinha, do jeito que preferir, pelo tempo que desejar.
Mesmo os pais que permitem esses momentos, muitas vezes, se sentem culpados por admitir isso.
Afinal, acreditamos que estamos sendo melhores pais e mães quando ensinamos algo, estimulamos o desenvolvimento cognitivo de nossos filhos ou os envolvemos em atividades estruturadas.
Muitas vezes, parece que brincar é visto como um desperdício de tempo valioso de aprendizado. Mas será que essa é realmente a verdade?
Convido você a avaliar quanto tempo livre suas crianças têm para brincar.
Você descobrirá que é muito pouco, e se comparar com o tempo livre que tinha quando era criança, perceberá que elas brincam menos do que você brincava.
O medo de que se machuquem e o desejo de capacitá-las, juntamente com a influência das telas, contribuem para a drástica redução das horas de brincadeira.
Não é segredo para ninguém que o número de diagnósticos de doenças infantis, como depressão e transtornos de ansiedade, incluindo o déficit de atenção com hiperatividade, aumentou consideravelmente.
Será que isso ocorre porque não estamos permitindo que as crianças brinquem livremente?
Ou será que estamos confusos em relação ao fato de que as crianças também são seres conscientes e em desenvolvimento?
Sou a primeira a afirmar que as crianças precisam de limites e de uma rotina estruturada (com horários para dormir, acordar, comer, estudar, passear e brincar), mas parece que o tempo dedicado às brincadeiras está se tornando cada vez mais escasso.
Estamos moldando mentes adultas em corpos infantis, sobrecarregando-os e prejudicando a saúde mental de nossos filhos.
Muitos pais se esforçam para colocar seus filhos na escola mais cedo ou fazê-los pular um ano.
As crianças estão aprendendo a ler e a fazer cálculos cada vez mais cedo, e nos orgulhamos de sua inteligência.
Buscamos resultados mensuráveis e visíveis. Mas será que realmente entendemos o que as crianças aprendem ao brincar livremente?
E se eu lhe dissesse que brincar livremente torna as crianças menos ansiosas e mais resistentes?
Está comprovado que a resiliência é um dos fatores mais importantes para o sucesso na vida adulta.
A capacidade de superar desafios, compreender as próprias emoções e lidar com o estresse é fundamental para a formação de adultos saudáveis e produtivos.
Hoje, sabemos que a resiliência não apenas previne a ansiedade, mas também a depressão.
Sou Cenira de Fátima, terapeuta integrativa Guia da Alma. Boa leitura!
Índice
O que é saúde mental infantil?
Para promover a recuperação da saúde mental infantil, é fundamental que pais e professores direcionem sua atenção para aspectos como:
- Socialização;
- Relacionamentos;
- Autonomia;
- Coesão;
- Democracia;
- Autoconfiança;
- Autoestima.
O objetivo é capacitar a criança a desenvolver resiliência e uma bússola interna sólida que a orientará ao longo de sua vida.
Uma criança que aprende a lidar com o estresse, a fazer amizades e a manter uma perspectiva realista possui talentos muito diferentes dos de um prodígio em matemática, por exemplo.
Esses talentos e habilidades estão intrinsecamente ligados a todos os aspectos da vida, não se limitando apenas à carreira profissional.
Afinal, de que adianta ser um profissional de sucesso se não se consegue enfrentar os altos e baixos da vida?
Quando impomos constantemente às crianças a necessidade de conquistar algo, elas acabam não desenvolvendo motivação intrínseca.
As crianças precisam de espaço para criar, brincar e se divertir.
É essencial que elas sintam a confiança dos adultos em relação à sua personalidade e maneira de ser, pois isso lhes permite ter controle sobre suas vidas e resolver seus próprios problemas.
Esse processo é o que constrói autoestima e autoconfiança, pois parte do estímulo vem de dentro da própria criança, e não de terceiros.
Saúde mental na infância e adolescência: qual a importância?
Para promover a saúde mental das crianças, referindo-nos aqui a indivíduos com até 14 anos, incluindo adolescentes, é essencial proporcionar-lhes o espaço adequado para aprender e crescer nas áreas apropriadas, com a quantidade certa de apoio.
Confiar que a criança pode explorar e enfrentar desafios novos é fundamental, permitindo que construam autoconfiança.
Esse processo estabelece as bases para o seu desenvolvimento e contribui para o cultivo da autoestima, o que é de extrema importância.
Quando uma criança se sente constantemente pressionada, pode perder o prazer nas atividades em que está envolvida e ser conduzida ao medo e à ansiedade.
Oferecer esse espaço e respeitar a zona de desenvolvimento próximo permite que a criança desenvolva competência e autoconfiança, assumindo o controle de seu próprio crescimento e enfrentando os desafios que surgem em seu caminho.
Crianças que são superprotegidas, forçadas ou excessivamente estimuladas correm o risco de se tornarem dependentes de estímulos externos, perdendo a sensação de controle sobre seu próprio desenvolvimento. Isso pode abalar profundamente sua autoestima.
A orientação-chave aqui é que, para que a criança alcance um autodesenvolvimento saudável, os adultos, sejam pais ou responsáveis, pratiquem a liberdade vigiada.
Isso envolve acompanhar o comportamento das crianças diante das situações, orientá-las e intervir apenas quando realmente necessário.
É lamentavelmente comum encontrar pais que sobrecarregam seus filhos com expectativas de sucesso e padrões distorcidos de fracasso, contribuindo, infelizmente, para o surgimento de muitas doenças emocionais, como a depressão e a solidão.
Às vezes, acreditamos que estamos ajudando nossos filhos ao incentivá-los a aprender mais rapidamente ou a ter um desempenho melhor.
Orientá-los no momento apropriado resulta em um aprendizado mais eficaz, tornando a experiência mais agradável.
Além disso, a criança desenvolve uma confiança genuína em suas habilidades e se sente mais responsável por sua própria aprendizagem.
Muitos pais superprotegem seus filhos e estão sempre prontos para intervir instantaneamente em suas vidas.
Quando não o fazem, podem se sentir culpados, acreditando que estão falhando na criação. Atualmente, há muitos dispositivos de segurança que consideramos essenciais, levando-nos a questionar como as crianças de duas décadas atrás conseguiram sobreviver.
Ao mesmo tempo, queremos elevar a autoconfiança de nossos filhos, frequentemente elogiando-os em excesso ou por conquistas insignificantes.
Mas em nossa busca por aumentar a autoconfiança e reduzir o estresse, podemos inadvertidamente gerar mais estresse a longo prazo.
Aumentar a autoconfiança em detrimento da autoestima é como construir uma casa bonita sem alicerces sólidos. Isso pode levar a problemas no futuro.
Enganar-se ao sorrir e dizer que está tudo bem em momentos difíceis não é a melhor estratégia.
O autoengano pode nos fazer ignorar nossas verdadeiras emoções, levando-nos a tomar decisões baseadas em influências externas, em vez de nossa verdadeira vontade. Isso pode resultar em infelicidade e doenças.
Muitas pessoas, em determinado momento, olham para suas vidas e se perguntam se estão seguindo o caminho certo ou apenas atendendo às expectativas dos outros.
A integridade, por outro lado, envolve olhar para o âmago de nossa essência em busca do que é correto para nós e nossa família, sem medo de assumir isso. Isso requer coragem, mas a recompensa é imensa.
Portanto, inscrever os filhos em todas as atividades consideradas adequadas pode ser uma armadilha.
Da mesma forma, forçar as crianças a perseguir os sonhos dos pais ou de terceiros, em vez de considerar seus próprios desejos e respeitar seu ritmo de crescimento e desenvolvimento, pode ser prejudicial.
Quando submetidas a pressões ou elogios excessivos, as crianças podem se acostumar a buscar reconhecimento externo em vez de satisfação pessoal, internalizando essa busca ao longo de suas vidas. Isso pode levar à ansiedade e à depressão.
Quando se trata de ansiedade na adolescência, o elemento-chave para criar um ambiente saudável de educação é fortalecer a conexão.
Pesquisas mostram que jovens que têm relacionamentos profundos com seus pais e professores são menos propensos a usar drogas, álcool, iniciar a vida sexual precocemente ou se envolver em comportamentos violentos.
Em ambientes ideais, os jovens se sentem protegidos, valorizados e ouvidos. Eles encontram a felicidade na vida e se tornam adultos preparados para enfrentar os desafios.
Adolescentes que levam a escola a sério são menos propensos a se envolver em comportamentos de risco ou a colocar suas vidas em perigo. Portanto, é importante fazer o possível para tornar a experiência escolar satisfatória.
Muitas vezes, essa satisfação não está necessariamente relacionada ao desempenho acadêmico, mas sim ao pertencimento a um grupo ou equipe.
Nesse contexto, eles descobrem a importância dos relacionamentos, envolvimento e participação, não apenas a busca pela vitória ou liderança.
Quando entendem esse conceito, raramente adotam comportamentos destrutivos, pois se sentem protegidos ao perceberem que pertencem a algo maior.
Além disso, jovens que cultivam uma vida espiritual têm menos probabilidade de se desviar do caminho.
A espiritualidade ajuda os jovens a lidar melhor com o estresse, pois oferece uma sensação de conexão com algo que transcende o mundo material.
Isso proporciona conforto quando enfrentam eventos traumáticos e dá significado às dificuldades da vida.
É importante ensinar aos filhos que é válido ser realista e otimista ao mesmo tempo.
Eles devem acreditar que, embora algumas situações estejam fora de seu controle, muitas outras podem ser controladas.
A chave está em enfrentar os desafios e seguir em frente. Não é necessário ser perfeito; basta fazer o melhor que puder.
A saúde mental das crianças e o reflexo no adulto
Sempre é importante lembrar que a perspectiva de um adulto em relação ao ambiente em que vive difere consideravelmente da de uma criança.
Muitas vezes, acreditamos que tudo está adequado, mas somente depois de nos depararmos com desequilíbrios emocionais é que percebemos que para a criança deveria ser diferente. Aqui estão alguns lembretes que podem ser úteis:
- Brincar: permitir que nossas crianças brinquem mais contribui para que se tornem adultos mais resilientes e felizes. A falta de oportunidades para brincar pode privá-las do controle sobre o estresse. O aumento dos diagnósticos de transtornos de ansiedade e depressão nos dias atuais nos faz questionar se algo não está faltando. O medo de perder o controle sobre as emoções é um dos principais relatos de pessoas com ansiedade. Brincar pode ser uma ferramenta eficaz para melhorar as habilidades de enfrentamento, especialmente a capacidade de se adaptar e abordar problemas de maneira flexível. É importante permitir que as crianças testem situações de risco, como subir em árvores, pois isso as ajuda a desenvolver um senso de controle sobre suas próprias vidas;
- Dormir: dormir é uma habilidade que precisamos ensinar, mesmo que pareça natural. Ensinar as crianças a acalmarem-se até adormecer é fundamental. Bebês aprendem rapidamente, e o sono é essencial para seu desenvolvimento. É importante estabelecer horários regulares de sono e criar um ambiente propício para um sono restaurador. Desligar ruídos perturbadores, como rádio e televisão, especialmente noticiários, é crucial, pois o subconsciente absorve todas as informações. Dormir enquanto ouvimos notícias mantém a mente em estado de alerta, impedindo que o corpo relaxe;
- Rotina: todas as crianças, independentemente da idade, necessitam de uma rotina, especialmente para os horários de dormir e acordar. Elas precisam de pistas para identificar a transição entre hora de ficar acordado e hora de dormir e vice-versa. A rotina ensina o corpo a reconhecer os momentos que antecedem o próximo evento. Se uma criança aprender os passos que levam à hora de dormir, estará mais preparada para adormecer quando for colocada no berço. Colocá-la na cama não deve ser uma surpresa. É essencial manter a rotina de horários para atividades como dormir, acordar, alimentar, brincar, estudar e assistir a filmes, se possível, desde a infância, pois isso tornará mais fácil para todos.
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Saúde mental infantil no Brasil: dados
No Brasil, com uma população de aproximadamente 60 milhões de habitantes com menos de 19 anos de idade (dados do IBGE para 2020), uma estimativa de prevalência de 13% sugere que cerca de 8 milhões de crianças e adolescentes podem ser diagnosticados com pelo menos um transtorno mental.
Podemos atribuir essa estimativa, em parte, ao período pós-pandêmico, no qual todos nós estamos mais emocionalmente sensíveis.
Como resultado, talvez estejamos lutando para fornecer o apoio saudável e necessário às crianças.
Ao refletir sobre a importância do bem-estar emocional e mental durante a infância e a adolescência, que são fundamentais para uma vida adulta produtiva, devemos considerar as evidências que apontam para a interação entre as características do ambiente, fatores genéticos e neurobiológicos.
Isso inclui eventos ocorridos durante a concepção e a gestação, aspectos individuais como sono, nutrição e atividade física, bem como o ambiente familiar, comunitário e escolar.
Além disso, devemos levar em conta a organização da sociedade, os impactos da pobreza, da desigualdade econômica, do racismo e da discriminação, bem como a poluição e a disponibilidade ou promoção do consumo de alimentos processados, que prejudicam a saúde.
Em minha opinião, é essencial que as políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes estabeleçam metas claras na construção de ambientes favoráveis, garantindo de forma integral e integrada o bem-estar físico e mental.
Embora já existam programas públicos com essa finalidade, é lamentável que a maioria das famílias só busque ajuda quando a doença já está instalada.
Isso acontece porque muitas vezes não temos a consciência de que a melhor abordagem é a prevenção.
“No Brasil, alguns dados sobre crianças e adolescentes foram gerados por estudos de base populacional, a exemplo da coorte de nascimento estabelecida em 2004 na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, com 4.231 dos 4.287 nascidos vivos naquele ano10.
Aos 6 anos de idade, 3.585 dessas crianças (84,7% do grupo inicial) foram avaliadas com o instrumento Development and Well-Being Assessment (DAWBA).
O DAWBA combina uma entrevista estruturada, com perguntas baseadas nos critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) e da Classificação Internacional de Doenças (CID), com avaliação clínica para detectar transtornos mentais.
A avaliação mostrou que 13,2% e 12,8% das crianças preenchiam os critérios para ao menos um transtorno, de acordo, respectivamente, com a CID-10 ou o DSM-IV.
A maior prevalência foi dos transtornos de ansiedade, detectados em aproximadamente 9% das crianças.
Na mesma coorte, outro estudo avaliou a persistência dos transtornos psiquiátricos entre 6 e 11 anos com base em dados de 3,362 crianças (79,5% da amostra original) obtidos através de outro instrumento validado, o Questionário de Capacidades e Dificuldades (Strengths and Difficulties Questionnaire, SDQ), aplicado a mães ou cuidadores11.
O SDQ avalia sintomas emocionais, problemas de conduta, hiperatividade, problemas de relacionamento com colegas e comportamento pró-social.
O estudo mostrou que os fatores detectados ao 6 anos persistiram na avaliação de 11 anos, com aumento da prevalência.
Além disso, os sintomas detectados aos 6 anos foram preditores de outros fatores aos 11 anos: por exemplo, problemas de conduta aos 6 anos foram preditores de problemas de relacionamento com colegas aos 11 anos, enquanto problemas de relacionamento com colegas aos 6 anos foram preditores de sintomas emocionais, problemas de conduta e hiperatividade aos 11 anos.
Embora limitados a uma coorte apenas, esses resultados reforçam a importância de detectar os transtornos mentais precocemente e a partir daí desenvolver intervenções apropriadas.” (Fonte: FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL)
Como cuidar da saúde mental infantil no ambiente familiar? 8 dicas e 3 orientações!
O ato de escutar as crianças envolve muito mais do que simplesmente ficar em silêncio enquanto elas falam.
Mesmo os pequeninos conseguem discernir a diferença entre alguém que está verdadeiramente escutando e alguém que apenas se calou.
Ouvir é essencial não apenas para entender o que está acontecendo com seus filhos, mas também para transmitir a mensagem de que o que eles estão dizendo é valioso e interessante.
Isso incentiva a comunicação, o diálogo e, principalmente, a expressão de sentimentos.
Aqui estão 8 dicas de ouro:
- Preste atenção total: olhe nos olhos das crianças e concentre-se no que estão dizendo. Evite a tentação de corrigir erros de pronúncia ou concordância, pois esse não é o momento. Apenas escute;
- Declare seu interesse: o tom de voz é fundamental e deve refletir o seu verdadeiro interesse. Dizer que lindo com um tom entediado não funciona. Lembre-se de que as crianças são conscientes e sensíveis;
- Demonstre entusiasmo: gestos e expressões faciais exageradas fazem com que seus filhos se sintam valorizados e os estimulam a falar com você. Crianças adoram caretas e gestos, especialmente se forem engraçados e animados;
- Faça perguntas abertas: perguntas mostram interesse e envolvimento. As crianças geralmente gostam de ser questionadas. Perguntas abertas, que exigem mais do que respostas de sim ou não, são ideais para estimular discussões. Opte por questões como O que você fez na escola hoje? ou O que mais gostou no seu dia? ou Qual é a sua brincadeira favorita e por quê?;
- Sirva de reflexo: refletir não significa apenas repetir o que as crianças dizem, mas também expressar com palavras os sentimentos que elas estão demonstrando. Seja um espelho para seus pequenos, permitindo que eles vejam a si mesmos através de seus olhos;
- Elogie sua capacidade de explicação: comunique a seus filhos que você aprecia genuinamente ouvi-los e que eles são bons em explicar as coisas. Quando eles têm confiança em sua habilidade de compartilhar seus pensamentos e sentimentos, tendem a fazer isso com mais frequência;
- Deixe de lado as telas: é comum adultos estarem com seus celulares em mãos enquanto estão com as crianças, distraídos por mensagens ou redes sociais. Isso impede a verdadeira conexão em uma conversa significativa;
- Controle reações emocionais: às vezes, nossas próprias reações emocionais às dificuldades de nossos filhos podem atrapalhar nossa compreensão da situação. Evitar que nossos gatilhos emocionais interfiram na orientação e educação das crianças é fundamental. Para ajudá-las a superar problemas, é importante dividir as situações em passos específicos e usá-los como guia para atingir um desfecho compreensível para elas.
Confira, agora, 3 orientações importantes:
1. Depressão infantil: o que é e como lidar?
A depressão é um transtorno mental que está associado a uma série de sintomas, incluindo:
- Sentimentos de incapacidade;
- Irritabilidade;
- Pessimismo;
- Isolamento social;
- Perda de prazer;
- Déficits cognitivos (como problemas de memória e raciocínio);
- Baixa autoestima;
- Tristeza.
Esses sintomas podem ter um impacto significativo na vida diária, afetando a capacidade de trabalhar, dormir, estudar, comer e socializar, entre outras atividades.
A depressão é caracterizada por sentimentos persistentes e negativos que afetam tanto a mente quanto o corpo, causando prejuízos significativos.
É importante destacar que a depressão é um problema global e é considerada a principal causa de incapacidade em todo o mundo.
Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades enfrentem esse transtorno, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Embora a genética possa desempenhar um papel em algumas formas de depressão, é relevante observar que indivíduos sem histórico familiar também podem ser afetados.
A gravidade, frequência e duração dos sintomas podem variar de pessoa para pessoa, dependendo das suas condições psicológicas individuais.
Ao longo da vida, diversos eventos podem servir como gatilhos para um episódio depressivo, como traumas na infância, a perda de entes queridos, mudanças significativas na rotina, o uso de substâncias psicoativas e outros fatores.
É importante notar que a depressão pode se manifestar de maneira diferente em crianças e adolescentes em comparação com adultos, o que torna crucial estar atento a mudanças abruptas de comportamento nesses casos.
A escola desempenha um papel fundamental na identificação dessas mudanças e na avaliação do comportamento infantil e adolescente.
Alguns dos sintomas mais comuns da depressão em jovens incluem:
- Isolamento social e afastamento de amigos antigos;
- Comportamento apático e desconexo;
- Queixas de cansaço e desânimo;
- Sentimento de vazio existencial e perda de sentido na vida;
- Perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas;
- Irritabilidade sem motivo aparente, acompanhada de ansiedade, agressividade ou comportamento destrutivo;
- Mudanças no peso corporal, seja ganho ou perda;
- Discussão sobre morte ou suicídio;
- Prática de autoagressão;
- Crença de que a vida não tem solução;
- Sensações de irritabilidade, impaciência, ansiedade e angústia;
- Medo e insegurança;
- Distúrbios de sono, incluindo insônia ou excesso de sono.
É fundamental que os pais compreendam a diferença entre tristeza ocasional e depressão.
Todos passamos por altos e baixos na vida, experimentando alegrias, desilusões, fracassos e vitórias.
Mas a depressão é uma condição médica que pode ser diagnosticada e tratada.
Quando se suspeita que uma criança está sofrendo de depressão, é fundamental procurar a ajuda de um profissional qualificado.
Os pais devem estar atentos aos sinais físicos, mentais e emocionais que podem indicar a presença da doença e estar preparados para agir de forma adequada.
Conviver com um adolescente deprimido pode ser extremamente desafiador, pois eles podem oscilar entre profunda tristeza e irritação intensa.
A depressão é um dos transtornos mentais mais relatados e sua prevalência tem aumentado nos últimos anos.
Muitos jovens com depressão não recebem o tratamento adequado, pois seus sintomas são erroneamente considerados como parte normal da adolescência.
Portanto, os pais devem estar envolvidos na vida de seus filhos e atentos a qualquer mudança abrupta de comportamento.
É importante reconhecer que jovens com depressão são mais propensos a se envolverem em comportamentos de risco, como o consumo regular de álcool e maconha, bem como atividades sexuais perigosas.
Eles também tendem a ter uma visão negativa de si mesmos, de seu ambiente, de suas famílias, de suas escolas e do futuro em geral.
Além disso, muitos dos jovens que tentam suicídio têm histórico de depressão. Inclusive, o suicídio entre adolescentes pode ser atribuído a diversos fatores, como:
- Depressão;
- Abuso sexual;
- Uso de drogas;
- Separação dos pais;
- Questões relacionadas à orientação sexual.
Portanto, é fundamental que os pais se concentrem em fatores de proteção e estejam presentes na vida de seus filhos.
Para os pais, é importante demonstrar confiança nos filhos, envolvê-los nas decisões familiares, manter comunicação aberta, resolver problemas juntos, incentivar a expressão de opiniões e considerar alternativas antes de tomar decisões importantes.
Além disso, é fundamental garantir que os filhos saibam que são amados, respeitados e levados a sério, ensinando-os a lidar com decepções e fracassos de maneira construtiva.
É importante lembrar que todos enfrentamos experiências negativas, mas o foco deve estar no aspecto positivo da vida.
2. Transtornos de saúde mental infantil: o que fazer?
Desordens emocionais que muitas vezes preferimos ignorar estão impactando o funcionamento cerebral, especialmente nas crianças.
É evidente que o processamento cerebral está intrinsecamente ligado aos processos bioquímicos do corpo, que por sua vez são influenciados pelo ambiente em que a pessoa vive.
Nesse cenário, observamos a chegada de indivíduos com níveis mais elevados de consciência, muitas vezes representados pelas crianças da nova geração, que parecem estar destinadas a desempenhar um papel crucial na transição planetária.
Esse contexto pode desencadear características e comportamentos que ocasionalmente podem ser confundidos com diagnósticos de autismo.
É fundamental reforçar a importância de os pais buscarem diversas opiniões de profissionais de saúde ao enfrentar preocupações com o desenvolvimento de seus filhos, a fim de evitar diagnósticos errôneos.
Para simplificar, vou descrever brevemente algumas das condições mais diagnosticadas nos últimos tempos:
- Autismo: cada pessoa autista é única, com características que envolvem a cognição, a linguagem e a capacidade de socialização. Essas características geralmente estão presentes desde o nascimento ou início da infância;
- TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade): este é um transtorno neurobiológico caracterizado pela dificuldade de concentração, impulsividade e hiperatividade;
- TDA (Transtorno de Déficit de Atenção): este transtorno é caracterizado pela falta de foco e dificuldades de concentração em atividades cotidianas;
- Dislexia: a dislexia é um distúrbio de aprendizagem que se manifesta como uma dificuldade significativa na leitura.
Ou seja, é crucial estar atento às necessidades individuais das crianças e buscar orientação profissional adequada para entender melhor suas condições e garantir o apoio necessário para seu desenvolvimento saudável.
3. Terapia infantil e familiar: cuidando do futuro das crianças!
Espero que estas informações sejam úteis para você refletir sobre sua própria saúde mental, bem como a de suas crianças.
Ajudar seus filhos a encontrarem felicidade e sucesso na vida, independentemente de como você defina sucesso, requer compreender como eles percebem o mundo ao seu redor.
Impor uma visão de mundo não é eficaz, seja para adultos ou crianças.
Quando você está se sentindo mal e alguém simplesmente diz não se sinta assim, essas palavras provavelmente não ajudarão e podem até causar irritação.
O mesmo se aplica às crianças. Ao entender como elas veem as coisas, você pode orientá-las de maneira mais eficaz. É fundamental começar do ponto em que elas estão e construir a partir daí.
Além disso, gostaria de destacar a importância das terapias complementares e integrativas como um recurso valioso para melhorar o bem-estar e a saúde mental.
Se você considerar a busca por esses tratamentos, é crucial procurar profissionais qualificados e bem recomendados.
- Se desejar conhecer melhor o meu trabalho, convido você a agendar uma sessão de Terapias Integrativas no Guia da Alma! 🙂