Materialização do Saber
Todo conhecimento não materializado equivale a uma emoção ou história não nomeada. A inexistência da impressão do saber na memória celular, emocional e ancestral, facilmente engana o intelecto, que pensa que sabe quando de fato não sabe.
A ausência de referência da experiência impressa é que conduz a determinado tipo de comportamento, em geral, um comportamento padrão pessoal constituído pelas influências exteriores que limitam os pensamentos e emoções ao corpo físico e suas percepções sensoriais.
Tudo é controlado pelo automatismo do corpo físico que “reage ao fora”, que deseja a partir do “fora”, que pensa mecanicamente, que comunica múltiplas vontades contraditórias produzidas por papéis distorcidos do EU. A impermanência e acidentalidade regem a conduta do indivíduo.
Não nascemos prontos e ignorar este fato, compromete o CONHECER-SE e, consequentemente, a materialidade do SER. Podemos ser mais do que um corpo travestido de hábitos e memórias. Quando autômatos, entregamos-nos ao mundo e nos correspondemos com: “deixa a vida me levar, vida leva eu”.
Recolher-se a si e autoconhecer-se demanda certos tipos de reflexões:
Não há como se esperar algo diferente do que se tem, sem que haja uma vontade interior de transformar-se, ciclar-se e ascender na espiral do conhecimento e observação sobre si mesmo.
Ao contrário, viver-se-á numa escravidão fundamentada no medo do desconhecido, na reatividade influenciada pelo “fora” e pela acidentalidade da vida.
As coisas não podem ser invertidas. É sempre um passo de cada vez, um degrau depois do outro. Há que se preparar, tornar-se capaz para acessar a si mesmo. Há que se ter cuidado para retirada dos véus constituídos por nossos filtros de percepção sensorial, por nossa personalidade. E o trabalho, aqui, é de compreensão de nossas próprias atitudes e identificação de nossas predisposições pessoais. Neste processo, é fácil condenar a si mesmo, negligenciar-se, repreender-se ou até substituir um véu por outro. O objetivo do autoconhecimento não é corrigir, reformular ou eliminar o “eu”, mas sim, FUNDIR-NOS EM NÓS MESMOS.
Assim, a materialização do saber sobre si passa pela desconstrução do padrão pessoal, pela desarticulação do modo automático e pela formalização concreta e consciente de respostas que nascem a partir de um só EU, inteiro, indivisível, permanente; nascem a partir de um novo estado de SER.
A quebra do padrão pessoal é um grande desafio que exige observação, foco e atenção. Dada esta desconstrução, as aversões, resistências e desejos acabam por ser superados e um empoderamento vital passa a se consolidar. A consciência e a vontade passam a ser governadas pelo EU, livre, independente da acidentalidade cotidiana. O “dentro” comanda mais do que o “fora”. E o “eu”, trabalha a serviço do “EU”, materializando o SABER.
Sugiro a leitura de um texto, IN DIVIDUOS, de minha autoria publicado em meu Blog Veia Cilíndrica. Clique aqui para acessar!