O Destino é o retorno da inconsciência
Sempre escutamos que o destino está escrito como se fosse algo permanente, inamovível.
Desde o dicionário, que define o destino como “Encadeamento de sucessos considerado como necessário e fatal”, até a religião, que fala do livre arbítrio para tomar decisões, porém, depois fala que Deus já sabe a priori as decisões que vamos tomar. Os oráculos futuristas também têm aderido a esta ideia e de fato têm feito dela a base de seu trabalho. Neste momento milhares de tarólogos estão atendendo pessoas que querem saber seu destino.
Sempre que definimos um conceito é muito interessante observar suas consequências. O que acontece quando acreditamos que o destino está escrito no pensamento divino, nas cartas do tarot ou em um estudo astrológico ou numerológico qualquer?
Primeiramente, deixamos de ser responsáveis pela vida que temos, tornando-nos personagens de um filme, cujo roteiro já está definido, onde somos marionetes nas mãos desse suposto todo-poderoso destino.
Depois nos tornamos conformistas, acreditando que nada podemos fazer para melhorar realmente nossa vida, se não aceitar resignadamente nosso destino. Sacrificarmos se for necessário como postula a interpretação tradicional do Pendurado, que amarrado de pés e mãos nada pode fazer, senão sofrer em silêncio, fazendo coro ao “vale de lágrimas” da igreja, e com isso sim, lindas promessas post-mortem. Acreditamos que só nos resta submetermos e aguentarmos maridos, esposas, família, chefes, patrões, governos corruptos, etc. com direito a algumas compensações do tipo “pão e circo”, sendo cada vez menos pão e mais circo.
Se partirmos da base que o destino é o somatório de circunstâncias (situações e pessoas) com as quais nos encontramos, a primeira questão é discernir se o que nos chega, alguém está nos enviando ou somos nós mesmos que atraímos. Não há dúvida que a segunda hipótese conduz diretamente a assumir responsabilidade pela nossa vida, coisa que a primeira evita.
Como afirma a 2ª chave do bem-estar, cada ser vivo tem o propósito de tornar-se completo. As forças da vida estão trabalhando o tempo todo para que cada semente que cai na terra, germine, cresça e se torne uma árvore cheia de frutos, que espalha sementes aos quatro ventos, dando assim, continuidade à espécie. O mesmo acontece com os seres humanos: as forças da vida trabalham para que cada bebê que nasce torne-se um adulto completo, isto é, realizado, frutífero, feliz e saudável. Essas forças trabalham desde dentro de nosso inconsciente, atraindo o que necessitamos para crescer e nos tornarmos plenamente o que somos.
Se para crescer necessitamos aprender a nos defender, atrairemos agressões. Se existe uma área interna nossa da qual não temos consciência, atrairemos sistematicamente circunstâncias que de maneiras mais, menos ou nada agradáveis, nos obrigarão a tornarmo-nos conscientes de dita área – seja esta um aspecto, um talento, um padrão de conduta, uma crença ou uma ferida psíquica. Por isso, como disse Carl Jung:
“O destino é o retorno da inconsciência”.
Entender isto significa mudar o foco, parando de responsabilizar a terceiros (Deus, o Universo, a sorte, o acaso,…) pelo que nos sucede e, esta é a melhor parte: tentar entender a mensagem que esta circunstância nos traz e cuja compreensão nos leva não só a crescer, mas a mudar nosso destino, pois já não precisamos continuar atraindo aquelas circunstâncias anteriores. Atrairemos outras e diremos: “Minha vida mudou”. Certo, a vida mudou, porque mudamos internamente, senão seria uma continua repetição e a isso chamaríamos erroneamente de destino.
Mas para podermos encarar as circunstâncias, perguntamo-nos, o que temos que apreender desta circunstância? Precisamos nos livrar da mania de brigarmos ou vitimarmo-nos com as circunstâncias que não se adaptam a nossas limitadas e caprichosas expectativas mentais.