Um Tarot para a Nova Era: a Temperança
Este artigo faz parte da série: Um Tarot para a Nova Era.
Seguindo a sequência dos Arcanos Maiores, encontramos uma carta que, na maioria dos tarôs, chama-se a Temperança. Junto com a Justiça, a Fortaleza (a Força) e a Esperança (significado tradicional da Estrela) leva títulos que correspondem-se com as virtudes do catolicismo.
Na maioria dos baralhos, na carta “Temperança”, vemos um anjo que derrama um fluido de uma taça para outra. Um fluido que não parece ser água, pois seu movimento não obedece às leis da gravidade, passando uma ideia de que se trata de algo mais etéreo. Não sabemos muito bem se está descendendo, ascendendo ou ambas coisas ao mesmo tempo.
Embora nos baralhos mais antigos não vemos os pés do anjo, alguns modernos mostram que este tem um pé na água e outro na terra, conectando o mundo do inconsciente – ou mundo do manifestado (água) – com o mundo consciente – manifestado concreto (terra).
As interpretações mais tradicionais do arcano “Temperança” são as sugeridas pelo significado da palavra temperança: moderação, sobriedade e continência. Contenção dos apetites e o uso excessivo dos sentidos, sujeitando-os à razão. Parece uma versão mais moderada da repressão e o autocontrole que nos passava a carta “A Força”. Outros intérpretes falam em equilíbrio, paciência, sensatez, diplomacia, do caminho do meio e da ação correta.
Um tarot para a Nova Era: a Temperança vs a Arte
O Osho Zen Tarot e o Tarot de Crowley/Harris rompem com a tradição, chamando este arcano de “Integração” e “Arte”, respectivamente.
A imagem do Osho Zen Tarot ilustra a ideia da integração dos opostos: O Fogo e a Água, a águia e o cisne, o Yin e o Yang, o Sol e a Lua. O Tarot de Crowley/Harris faz isso com a Diana de Éfeso que integra o casal (Imperador-Imperatriz) dos Amantes, consumando assim o casamento integrando as polaridades expressadas pelos amantes. Esta figura ainda mistura o Fogo e a Água num caldeirão dourado que simboliza o mundo concreto.
Podemos ver esta integração em diferentes aspectos, dos quais os mais interessantes são o profissional e o dos relacionamentos amorosos.
No mundo profissional a carta “A Arte” representa libertar-se da maldição “ganharás o pão com o suor de seu rosto”, para fazer de sua diversão seu trabalho. E quando falo em diversão, me refiro ao prazer que vem de dentro quando fazemos o que gostamos; o prazer da ação e não dos resultados da ação (que é outro tipo de prazer).
Se sentimos prazer com uma determinada atividade é porque temos talentos específicos para ela, pois quando um talento se manifesta sempre vem acompanhado de prazer. Sendo assim, se optamos por uma atividade para a qual temos talento, o mais provável é que os resultados dessa atividade tenham qualidade.
Adquirir conhecimentos para desenvolver ainda mais essa atividade será muito fácil, de maneira que aprimoraremos ainda mais o resultado do nosso trabalho. Porém, na sociedade, embora hipocritamente o esforço seja valorizado, o que paga é a qualidade, de maneira que a 1ª consequência de fazer de nossa diversão nosso trabalho é o dinheiro.
Por outro lado, que esforço é necessário para fazer algo que gostamos? A expressão de um talento vem também acompanhada de energia! Neste caso da energia do inconsciente, que é mais poderosa que a força de vontade de maneira, que integramos também descansar e trabalhar. Então, a 2ª consequência de fazer de nossa diversão nosso trabalho é a saúde.
Nos carregamos energeticamente, nos sentimos mais vitais e dispostos. Não necessitamos recorrer às compensações para ter prazer – compensações que degradam o corpo, a alma e o bolso, diminuindo a possibilidade de que o corpo se enferme buscando uma solução (ficar doente) para não ter que fazer algo que não gosta e que o desgasta. De maneira que a 3ª consequência é que envelhecemos mais lentamente, pois o que mais envelhece é se obrigar a fazer algo que não gostamos. Esta carta ilustra então o “elixir da quase eterna juventude”.
Se passamos parte do dia envolvidos numa atividade que dá prazer, quando concluímos o horário laboral e vamos para o mundo dos relacionamentos (sejam familiares, amistosos ou amorosos), o faremos como doadores de prazer e não como vampiros. Desta maneira, a 4ª consequência será muito mais fácil fluir nos relacionamentos. Esta carta é uma chave também no mundo dos relacionamentos. Veja o vídeo que preparei sobre a 4ª chave para o bem-estar:
Integrar nossas polaridades significa, como ensina a carta dos Amantes, entender que o homem e a mulher de nossas vidas estão dentro de nós e não fora. Assim, fechamos um ciclo de relacionamentos de dependência, de barganha, de “eu dou isto para que você me de aquilo”. Significa também deixarmos de esperar a metade da laranja, o príncipe azul ou a mulher maravilha que vai nos fazer felizes, e resgatarmos a percepção dessa expectativa distorcida, enxergando as pessoas como elas são, e não como gostaríamos que fossem. Centrados e perceptivos estabelecemos relacionamentos compartilhando com as pessoas o que se sintoniza naturalmente conosco.
Se na carta dos “Amantes” escolhemos estar no feminino ou no masculino dependendo da situação, na carta da “Arte” estamos em ambos ao mesmo tempo.
Sendo uma carta múltiplo de 7, “A Arte” fala de fechar um ciclo e abrir um novo. No mundo profissional, fala sair da divisão de: trabalhar de segunda à sexta com o que não gostamos para ganhar dinheiro e nos finais de semana gastar este dinheiro para comprar prazer. A carta da Arte fala para integrarmos o ter prazer e ter dinheiro a semana toda.
Finalmente com o corpo, o coração e o bolso saudáveis se abre naturalmente o caminho da espiritualidade: a 5ª consequência.
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