10 tipos de transtornos alimentares: quais são e como a Psicanálise pode ajudar
Os transtornos alimentares representam uma realidade preocupante e complexa, afetando inúmeras pessoas em todo o mundo. Entre os variados tipos de transtornos alimentares, cada um com suas características específicas, a compreensão psicanalítica tem se mostrado uma abordagem valiosa.
Neste artigo, exploraremos os 10 tipos de transtornos alimentares mais comuns e examinaremos como a Psicanálise pode desempenhar um papel fundamental no auxílio a pessoas que enfrentam esses desafios.
Sou Lourdes Maria Rivera, terapeuta psicanalítica Guia da Alma. Boa leitura!
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Índice
O que são transtornos alimentares?
Tenho certeza de que você já ouviu falar em transtorno alimentar e provavelmente já leu sobre o assunto na internet, pois há uma abundância de reportagens e artigos — alguns confiáveis, outros nem tanto — abordando esse tema. É muito provável que você esteja lendo este artigo porque suspeita que possa ter um transtorno alimentar ou conhece alguém que foi diagnosticado com essa doença.
Afinal, os tipos de transtornos alimentares são, sim, considerados doenças no campo da psiquiatria, requerendo tratamento tanto medicamentoso quanto terapêutico. A psicanálise pode desempenhar um papel importante nesse tratamento, conforme veremos adiante.
O termo transtorno indica uma alteração, um contratempo, uma contrariedade e um prejuízo. Portanto, quando aplicado à alimentação, podemos entender como uma forma inadequada, uma dificuldade (importante destacar que é inconsciente) de se alimentar adequadamente, o que acarreta desconforto e prejuízos para a saúde física e mental da pessoa.
Considerando também que doença é um conjunto de sinais e sintomas específicos que afetam um organismo vivo, alterando seu estado normal de saúde, podemos afirmar que todos os tipos de transtornos alimentares catalogados pela medicina psiquiátrica são, de fato, doenças graves que requerem diagnóstico e tratamento adequados.
Portanto, os transtornos alimentares são condições de saúde mental que afetam a relação de uma pessoa com a alimentação, peso corporal e interação social. Eles se caracterizam por:
- Padrões anormais de comportamento alimentar;
- Distorções de pensamento relacionadas ao corpo;
- Preocupação excessiva com a aparência física.
Esses transtornos causam prejuízos significativos no funcionamento diário da pessoa e comprometem sua saúde física, mental e social.
Índice de transtornos alimentares: dados
Infelizmente, o Brasil ainda carece de uma quantidade significativa de pesquisas sobre transtornos alimentares no contexto nacional. No entanto, estima-se que a situação não seja muito diferente do que ocorre em outros países ao redor do mundo.
Para se ter uma ideia da dimensão do problema, mais de 70 milhões de pessoas em todo o mundo são diagnosticadas com algum tipo de transtorno alimentar, conforme dados da Associação Brasileira de Psiquiatria e informações disponíveis no site do Ministério da Saúde.
No Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo menos 5% da população sofre com algum tipo de transtorno alimentar, o que representa aproximadamente 10 milhões de pessoas, de acordo com dados de 2022.
A pandemia de Covid-19 agravou significativamente esse cenário preocupante. Embora os estudos se refiram principalmente a estatísticas internacionais, é importante mencionar uma revisão sistemática conduzida por uma equipe de pesquisadores liderada por Daniel J. Devoe, do Mathison Centre for Mental Health, da Universidade de Calgary, Canadá.
Nessa revisão, foram analisados 53 estudos com um total de 36.485 pessoas diagnosticadas com diversos transtornos alimentares, incluindo anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar periódica e outros. A média de idade das pessoas nesses estudos era de 24 anos, e cerca de 90% eram mulheres.
No entanto, os transtornos alimentares não afetam apenas adultos. Infelizmente, crianças e adolescentes também contribuem para as estatísticas globais, como revela um estudo mais recente publicado em fevereiro de 2023 pela revista eletrônica JAMA Network.
Essa pesquisa, que incluiu 63.181 participantes de 16 países, apontou que 22% deles relataram a presença de distúrbios alimentares em crianças e adolescentes. A proporção foi ainda maior entre as meninas, os adolescentes mais velhos e aqueles com índice de massa corporal mais elevado. É alarmante observar que esse estudo considera crianças e adolescentes com idades entre 6 e 18 anos.
Como destacado pelo estudo, os transtornos alimentares têm causas complexas e são influenciados por diversos fatores de risco, semelhante a outros transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade.
A prevalência desses transtornos em crianças e adolescentes tem aumentado nas últimas décadas, atingindo uma faixa entre 1,2% (meninos) e 5,7% (meninas).
Considerando que a adolescência é um período crítico para o surgimento desses transtornos, compreender e identificar a proporção de transtornos alimentares entre os jovens é uma questão crucial.
Um dos maiores desafios relacionados ao diagnóstico dos transtornos alimentares, como apontado pelo estudo, é que algumas crianças e adolescentes conseguem esconder os sintomas principais da doença e adiam a busca por atendimento especializado devido à vergonha ou estigmatização. Isso significa que os transtornos alimentares provavelmente são subdiagnosticados e, consequentemente, subtratados.
Portanto, é fundamental que pais, professores, responsáveis pelas crianças e adolescentes, além dos profissionais de saúde, estejam atentos aos sinais desses distúrbios alimentares. Alguns comportamentos de alerta incluem:
- Preocupação excessiva com dietas para perda de peso;
- Compulsão alimentar;
- Indução de vômitos;
- Exercícios físicos excessivos;
- Uso de laxantes ou diuréticos sem prescrição médica.
Além disso, é importante observar distorções na percepção do próprio corpo, como uma pessoa excessivamente magra se enxergando como gorda e vice-versa. Essas questões serão abordadas mais detalhadamente posteriormente.
Faz sentido pra você?
10 tipos de transtornos alimentares e sintomas
Os tipos de transtornos alimentares mais conhecidos e catalogados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) também são os mais prevalentes, ou seja, são aqueles que apresentam maior número de registros médicos e, consequentemente, afetam a população em geral de forma significativa. Entre eles, destacam-se a Compulsão Alimentar, Anorexia e Bulimia.
1. Transtorno de compulsão alimentar
Primeiramente, é importante fazer uma distinção entre a compulsão alimentar e o exagero ocasional que pode ocorrer durante eventos como festas de fim de ano, casamentos ou aniversários, ou ao desfrutar de um prato preparado com carinho pela mãe ou avó. Exceder-se nessas ocasiões não configura compulsão alimentar.
Para que a compulsão alimentar seja caracterizada, alguns elementos devem estar presentes nessa situação. Um deles é o consumo de alimentos em quantidades muito acima do normal e de forma incontrolável pelo indivíduo.
Esse comportamento pode começar durante um evento social e continuar quando a pessoa chega em casa. Por exemplo, alguém pode começar a comer compulsivamente em um restaurante e depois continuar em casa. É importante ressaltar que pequenos lanches ao longo do dia não seriam considerados compulsão alimentar, como explica o DSM-5.
Além da falta de controle e da quantidade excessiva, outro fator relevante é a falta de critério na escolha dos alimentos. A pessoa com compulsão alimentar pode misturar doces e salgados, combinar arroz e feijão com torta de maçã, sorvete com coxinha, sem fazer uma escolha racional. Ela consumirá o que estiver disponível, seja no armário ou na geladeira.
Outra característica fundamental é a vergonha associada à compulsão alimentar.
A pessoa tende a comer compulsivamente em segredo, longe de familiares ou conhecidos, e tentará esconder qualquer evidência do que foi consumido. Sentir-se-á extremamente mal se for pega em flagrante.
“Indivíduos com transtorno de compulsão alimentar geralmente sentem vergonha de seus problemas alimentares e tentam ocultar os sintomas“, destaca o DSM-5, o que muitas vezes dificulta o diagnóstico.
Um agravante da compulsão alimentar são os métodos compensatórios utilizados pela pessoa para tentar minimizar os efeitos prejudiciais, como o uso de laxantes e a indução do vômito, o que nos leva a outro transtorno amplamente conhecido.
2. Anorexia e bulimia
- Bulimia nervosa: um dos critérios diagnósticos da bulimia é a presença de compulsão alimentar. Além disso, comportamentos compensatórios, como o uso de laxantes e a indução do vômito, também são observados. Pessoas com bulimia podem ter episódios de compulsão alimentar mais de uma vez por semana, às vezes diariamente e até em todas as refeições nos casos mais graves. Geralmente, existe uma insatisfação, muitas vezes injustificada, com o próprio corpo. É importante destacar que a compulsão alimentar pode ocorrer mesmo quando a pessoa está acima do peso, embora não necessariamente obesa (vale ressaltar que a obesidade não é considerada um transtorno alimentar ou um transtorno psiquiátrico, embora seja uma condição médica que requer tratamento). O maior risco associado à bulimia é o suicídio. De acordo com o DSM-5, a avaliação abrangente de indivíduos com esse transtorno deve incluir a identificação de ideação e comportamentos suicidas, além de outros fatores de risco, como histórico de tentativas de suicídio. A ideação suicida é comum em pessoas com esse transtorno, pois elas podem não enxergar a curto prazo uma solução ou melhora para sua situação. Sentindo-se infelizes, culpadas e com baixa autoestima na maior parte do tempo, elas podem acreditar que acabar com suas próprias vidas é uma maneira de lidar com o problema;
- Anorexia nervosa: neste transtorno, o consumo excessivamente restritivo de alimentos é uma característica marcante. No entanto, todos os elementos que compõem a compulsão alimentar, como na bulimia, estão presentes. Por exemplo, a pessoa pode se alimentar em situações sociais, como um almoço em família ou um evento com amigos, como uma forma de mascarar o problema, mas logo em seguida induzir o vômito sem que ninguém perceba. A perda excessiva de peso é frequentemente o motivo pelo qual familiares e amigos desconfiam que algo está errado com a pessoa anoréxica. No entanto, ela negará estar magra e, de fato, não se vê como magra, como já mencionado. O perigo da manifestação da anorexia em adolescentes, por exemplo (sendo raro em crianças), está no comprometimento do desenvolvimento físico e psicológico. Pessoas com anorexia têm uma obsessão real em se pesar e verificar suas medidas com frequência, e não aceitam que estão prejudicando ou tornando-se desnutridas. Esse comportamento muitas vezes dificulta o tratamento, pois a pessoa simplesmente não acredita que está doente. Pelo contrário, o anoréxico enxerga a perda de peso como resultado de sua suposta disciplina e autocontrole.
3. Alotriofagia
A alotriofagia ou síndrome de Pica é caracterizada pela ingestão de substâncias que não são alimentos nutritivos, como:
- Fezes;
- Terra;
- Papel;
- Sabão;
- Tecido;
- Cabelo;
- Fios;
- Giz;
- Talco;
- Tinta;
- Cola;
- Metal;
- Pedras;
- Carvão vegetal ou mineral;
- Cinzas;
- Detergente;
- Gelo, em grandes quantidades.
É importante ressaltar que crianças que estão explorando o mundo ao engatinhar ou dar os primeiros passos podem ocasionalmente experimentar comer fezes de cachorro encontradas pelo caminho, porções de terra ou pedaços de sabonete quando já estão tomando banho sozinhas na banheira. No entanto, esses eventos isolados não configuram transtornos alimentares.
A alotriofagia, também conhecida como Pica, recebe esse nome devido a uma espécie de pássaro chamada Pica Pica, ou pega-rabuda, que se alimenta de quase tudo o que encontra pela frente.
Essa síndrome pode estar associada a outras condições, como transtorno do espectro autista e esquizofrenia, especialmente em adultos.
Conforme o DSM-5, a Pica pode estar relacionada à tricotilomania (um transtorno em que a pessoa arranca o próprio cabelo) e ao transtorno de escoriação (skin-picking), e também pode estar associada ao transtorno alimentar restritivo/evitativo, que abordaremos a seguir.
4. Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE)
Semelhante à anorexia, esse distúrbio alimentar resulta em uma perda excessiva de peso.
No entanto, as razões são diferentes, pois neste caso se trata de crianças em sua primeira infância (de 0 a 6 anos) que se recusam a comer certos alimentos devido à sua aparência, cor, textura, odor, temperatura ou sabor.
Não se trata de uma recusa ocasional que as crianças mais jovens podem eventualmente apresentar, mas sim de uma recusa persistente que leva não apenas à perda de peso evidente, mas também a deficiências nutricionais graves.
Em crianças mais velhas e adolescentes, a evitação e a restrição alimentar podem estar associadas a dificuldades emocionais mais abrangentes, como ansiedade e depressão. De acordo com o DSM-5,
“crianças com transtorno alimentar restritivo/evitativo podem ficar irritadas e ser difíceis de consolar durante a amamentação, ou podem parecer apáticas e retraídas”.
Em alguns casos, a relação entre mãe e filho pode contribuir para o problema de alimentação do bebê, por exemplo, quando a mãe apresenta os alimentos de forma inadequada ou interpreta o comportamento do bebê como um ato de agressão ou rejeição.
A falta de nutrientes adequados pode intensificar características associadas, como irritabilidade, atrasos no desenvolvimento, e contribuir ainda mais para as dificuldades alimentares.
5. Transtorno de ruminação
Ruminar é o ato de mastigar ou mascar novamente alimentos que já foram mastigados e engolidos, retornando do estômago à boca.
É exatamente esse comportamento, que não está relacionado a problemas gastrointestinais, que caracteriza esse tipo de transtorno alimentar.
No entanto, para receber o diagnóstico, é necessário que esse comportamento ocorra por pelo menos um mês. Essa é a característica essencial do transtorno de ruminação. Conforme o DSM-5,
“o alimento previamente deglutido, que pode estar parcialmente digerido, é trazido de volta à boca sem aparente náusea, ânsia de vômito ou repugnância.
O alimento pode ser remastigado e depois expelido da boca ou novamente deglutido.”
Outra característica importante é a frequência do comportamento, que deve ocorrer pelo menos várias vezes por semana, geralmente todos os dias.
Esse transtorno é mais comum em indivíduos com deficiência intelectual e em bebês que ainda estão amamentando.
Quando ocorre em adolescentes ou adultos, eles geralmente sentem vergonha e tentam esconder esse comportamento, principalmente porque é algo incontrolável, como é o caso de todos os transtornos psicológicos e, neste caso específico, alimentares. Segundo o DSM-5,
“em lactentes, assim como em indivíduos mais velhos com deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou outros transtornos do neurodesenvolvimento, o comportamento de regurgitação e ruminação parece ter uma função calmante e estimulante semelhante a outros comportamentos motores repetitivos, como balançar a cabeça ritmicamente”.
6. Síndrome do comer noturno
Sabe aquela escapadinha da cama até a cozinha para atacar a geladeira durante a noite? Se isso acontece ocasionalmente, pode não ter grandes consequências, mas de acordo com o DSM-5, esses ataques à geladeira podem indicar um problema em potencial.
Essa síndrome faz parte da categoria de Outros Transtornos Alimentares, juntamente com outros que não preenchem os critérios para um transtorno alimentar específico ou não possuem informações suficientes para um diagnóstico mais preciso.
No entanto, os tipos de transtornos alimentares não se encerram por aí. Existem mais alguns que, embora ainda não estejam catalogados no Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais, causam danos à saúde, e os profissionais da área estão em busca das melhores formas de tratá-los. Vamos conhecer esses transtornos.
7. Ortorexia nervosa
A síndrome da ortorexia se caracteriza pela obsessão doentia por uma alimentação excessivamente saudável, levando a restrições alimentares significativas.
A pessoa afetada só consegue se alimentar de alimentos biologicamente puros, o que acarreta uma preocupação exagerada com a qualidade dos alimentos, a pureza da dieta e a exclusão de alimentos considerados não saudáveis ou politicamente corretos.
Embora seja valorizado o conceito de uma alimentação saudável, a área da saúde reconhece que certos comportamentos supostamente saudáveis podem prejudicar a saúde.
No caso da ortorexia, as pessoas se privam muitas vezes de nutrientes essenciais para o bem-estar e a qualidade de vida. Além disso, tendem a se isolar socialmente devido às restrições alimentares que dificultam o convívio social comum.
O problema não está apenas em comer de forma saudável, mas sim em uma situação extrema e obsessiva em que a alimentação passa a dominar os pensamentos e comportamentos da pessoa.
Por ser um transtorno relativamente recente, não existem estudos ou estatísticas significativas disponíveis. No entanto, sabe-se que as consequências no estado nutricional dos indivíduos com ortorexia são as mesmas que ocorrem devido a uma alimentação inadequada, como:
- Desnutrição;
- Anemia;
- Deficiências vitamínicas;
- Carência de nutrientes essenciais;
- Hipotensão;
- Osteoporose.
Em estágios mais avançados da doença, a carência de vitaminas pode causar alterações comportamentais que acentuam ainda mais a obsessão por alimentos saudáveis.
É importante lembrar que o equilíbrio é fundamental, pois tanto o excesso quanto a privação podem resultar em transtornos para a saúde.
8. Vigorexia
Também conhecido como Transtorno Dismórfico Muscular ou Complexo de Adônis, esse distúrbio é caracterizado pela percepção distorcida da imagem corporal e pela depreciação do próprio corpo.
Embora seja mais prevalente no sexo masculino, pode afetar qualquer pessoa, independentemente de classe social ou etnia.
Adônis era o deus grego da beleza, cujas medidas e forma física eram consideradas perfeitas. Desejar ter uma aparência bonita e gostar do que vê no espelho não é necessariamente uma doença. No entanto, esse transtorno leva a uma busca obsessiva por uma perfeição inatingível e por exercícios musculares que supostamente levariam a alcançar esses objetivos, que nunca são realmente alcançados.
Como resultado, a pessoa se envolve em uma busca descontrolada por um corpo com músculos excessivamente definidos, sacrificando investimentos na vida emocional, social e profissional devido às longas horas dedicadas à musculação em academias.
O principal objetivo é aumentar cada vez mais a massa muscular e reduzir ao máximo a porcentagem de gordura corporal, o que pode levar o corpo aos limites extremos de exaustão.
Muitas vezes, o resultado nunca é considerado suficiente, o que pode levar a crises de ansiedade, depressão e distúrbios físicos, como amenorreia (ausência de menstruação) em mulheres e disfunção erétil em homens.
Em geral, as pessoas com esse tipo de transtorno eliminam carboidratos de suas dietas e recorrem ao uso de anabolizantes para potencializar seus treinos, colocando sua saúde em risco. Além disso, isso acarreta prejuízos sociais significativos.
Vale ressaltar que esse transtorno ainda não está catalogado no DSM-5, o manual diagnóstico utilizado para classificar transtornos mentais.
9. Fatorexia
Esse distúrbio é conhecido como megarexia e é considerado o oposto da anorexia, pois nesse caso a pessoa está obesa de acordo com os índices de IMC (Índice de Massa Corporal), que são utilizados pela sociedade médica para determinar se uma pessoa está ou não no peso ideal.
No entanto, o indivíduo com megarexia não percebe sua obesidade, não se enxerga como está e tem a percepção de que está com muitos quilos a menos do que o espelho mostra.
A percepção distorcida do próprio corpo nesse transtorno é perigosa, pois a pessoa não reconhece a gravidade de sua obesidade e não busca nem aceita ajuda médica ou psicológica. Essa falta de consciência pode levar a consequências adversas significativas em sua vida.
Vale ressaltar que esse transtorno ainda não está presente no Manual DSM-5, que é utilizado para classificar os transtornos mentais.
10. Drunkorexia
Esse distúrbio, conhecido como drunkoréxia, não está catalogado no DSM-5.
Na realidade, trata-se do consumo excessivo de álcool em substituição à alimentação adequada. Essa condição é essencialmente uma forma disfarçada de alcoolismo, embora seja popularmente denominada de forma mais suave. No entanto, a essência do problema é a mesma: a troca da comida pela bebida.
O indivíduo com drunkoréxia justifica sua preferência pelo álcool em vez da alimentação sólida como uma maneira de evitar o ganho de peso.
O objetivo é atingir um corpo considerado perfeito e magro, de acordo com seus próprios critérios ou com as supostas exigências da sociedade.
Embora esse distúrbio seja incluído na lista de transtornos alimentares, é importante destacar que, no fundo, qualquer pessoa que busca se entorpecer com substâncias como o álcool geralmente o faz devido à dificuldade de aceitar a realidade conforme ela se apresenta em sua vida.
É relevante ressaltar que o drunkoréxia não é reconhecido oficialmente como um transtorno alimentar pelo DSM-5, que é o manual de referência para classificação de transtornos mentais.
Transtornos e distúrbios alimentares: causas
Os transtornos alimentares estão incluídos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, conhecido como DSM-5, da American Psychiatric Association. Essas condições são consideradas doenças psiquiátricas e fazem parte de uma variedade de distúrbios psicológicos catalogados no manual.
É importante entender que os distúrbios alimentares não surgem por uma decisão consciente de comer em excesso ou de forma insuficiente.
Na psicanálise, esses distúrbios são compreendidos como mecanismos de defesa inconscientes contra a angústia.
A angústia é geralmente causada por um conflito interno entre desejos considerados errados pela pessoa, pela sociedade, pela religião ou por outras influências externas. Esses desejos contraditórios ameaçam a imagem idealizada que a pessoa tem de si mesma, criando uma sensação de angústia.
Por exemplo, uma jovem de 16 anos com uma educação sexualmente repressora pode desenvolver fantasias ou pensamentos relacionados ao sexo, o que gera angústia devido às normas e restrições impostas.
Para lidar com essa angústia, a pessoa pode recorrer a diferentes formas de comportamento, como consumo excessivo de álcool, drogas, compras desnecessárias ou, no caso dos transtornos alimentares, comer de forma descontrolada ou recusar-se a comer.
É importante destacar que esses comportamentos não ocorrem de forma racional ou consciente. A pessoa não decide comer ou não comer como uma estratégia consciente para esconder pensamentos indesejados.
Em vez disso, os transtornos alimentares, assim como outros tipos de transtornos, são uma resposta à angústia interna inexplicável, buscando uma maneira de acalmá-la.
Tipos de transtornos alimentares: como a Psicanálise pode ajudar?
A psicanálise não realiza diagnósticos de doenças psiquiátricas, incluindo os transtornos alimentares.
Se você se identificar com algum dos tipos de transtornos alimentares descritos de forma sucinta neste artigo, é sugerido que procure um médico psiquiatra, pois esse profissional é qualificado para diagnosticar doenças psiquiátricas e prescrever medicamentos, se necessário.
No entanto, é importante ressaltar que apenas a medicação não resolve totalmente os transtornos alimentares, assim como outros transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão. A terapia é uma abordagem complementar importante.
É nesse ponto que a psicanálise pode ser útil. O psicanalista trabalha com o inconsciente do paciente, ajudando-o a identificar, reconhecer e compreender aquilo que o causa sofrimento.
O objetivo não é orientar sobre reeducação alimentar ou mudanças nos hábitos alimentares, que são tarefas dos nutricionistas e profissionais especializados em alimentação saudável.
Os transtornos alimentares são apenas a ponta visível do iceberg, enquanto a psicanálise busca explorar as causas emocionais subjacentes a esses transtornos.
No processo psicanalítico, o paciente é encorajado a explorar suas emoções, identificar as origens do sofrimento e trabalhar para transformá-lo no dia a dia.
Esse processo não é simples, pois muitas vezes envolve desconhecer as causas do sofrimento, enfrentar medos e resistências internas. Além disso, pode levar tempo para que o paciente perceba sua própria responsabilidade no processo e esteja disposto a abrir mão de certas formas de sofrimento que se tornaram familiares.
A psicanálise também considera os fatores socioculturais que contribuem para o desenvolvimento dos transtornos alimentares, reconhecendo a ênfase exagerada dada ao corpo e à aparência na sociedade atual.
No entanto, é importante observar que o corpo e o sentido da vida são aspectos complexos e multifacetados que vão além dos tipos de transtornos alimentares.
Em resumo, a psicanálise oferece uma escuta atenta e investigativa, buscando compreender aquilo que não pode ser expresso verbalmente ou que foi reprimido.
Ao descobrir que seus sintomas não são vistos como doença, mas como sinais de que algo sério aconteceu em sua vida, o paciente pode encontrar alívio e iniciar o processo de remastigação emocional.
A psicanálise se destaca nessa abordagem, mas é importante ressaltar que outras terapias comportamentais também podem ser úteis no tratamento dos transtornos alimentares.
Se você está considerando iniciar um tratamento para algum dos tipos de transtornos alimentares citados, é recomendado marcar uma consulta com um profissional qualificado.
Agende uma sessão de Psicanálise!
Terapeutas Guia da Alma estão te esperando!