Musicoterapia: descubra os sons que existem em você!
Você sabe o que é Musicoterapia? Saiba como funciona uma sessão de Musicoterapia e como descobrir sua Identidade Sonora!
Índice
Musicoterapia: “é só ouvir música e relaxar”?
Tenho recebido mensagens, com um texto, que fala dos benefícios da música para aliviar diversos sintomas: ansiedade, dor de cabeça, insônia… Para cada um deles, uma lista com músicas “clássicas” que serviriam como terapia, remédio para sanar um por um dos incômodos citados. Tiro e queda, simples – é só ouvir, relaxar e passou….
Porém, a Musicoterapia praticada por profissionais habilitados é bem mais ampla e complexa do que uma lista de músicas que guardariam a cura para males que brotam na superfície…
Musicoterapia tem a ver com verdadeiramente enxergar e, principalmente, escutar a si mesmo. Escutar suas dores, ouvir as melodias que a criança escondida dentro do adulto ainda cantarola. E ainda, as canções, que com as quais já deixou de brincar, mas que ainda ressoam dentro de nós.
Musicoterapia é validar a partir da música!
É dar espaços para os sentires e acolhê-los, sejam eles do tamanho que tiverem que ser e com o peso que soam. É sim, fazer barulho, desafinar, perder o ritmo e o tempo, e também aquietar, sentir silêncios e embalar melodias, da maneira mais delicada, como nunca antes se ousou fazer.
É ressignificar o dia a dia, porque se teve a coragem de soar diferente durante a sessão. É dar-se a oportunidade de se ouvir e descobrir a variedade de sons guardados dentro de si.
Identidade Sonora
Por esse caminho em que se entende que cada um desenvolve relações muito pessoais em sua maneira de ouvir, perceber, expressar e, principalmente, sentir a música, é que um dos pesquisadores mais reconhecidos na área, o musicoterapeuta argentino Rolando Benenzon, desenvolveu o conceito de ISO – Identidade Sonora, amplamente aplicada por seus colegas de profissão em todo o mundo.
É a partir do ISO que o musicoterapeuta trabalha – buscando conhecer os sons e os sentidos que eles têm na vida de cada pessoa. É um percurso em que se segue ao encontro do que o paciente traz, do mundo sonoro em que vive, que o envolve e que se constitui na trilha sonora da sua vida.
Então, quando se pensa em determinada música para ser utilizada em uma sessão de Musicoterapia, pode-se considerar a fórmula de compasso, se foi feita em tom maior ou menor, quais intervalos são apresentados e que mensagem a letra pretende passar, mas fundamental é perceber como essa música dialoga com o paciente. É uma música que serve de fundo para que momento vivido? Que sentires vêm à tona?
Cada indivíduo pode guardar um sentimento distinto para uma mesma música e, talvez, aquela canção considerada animada, traga lembranças desagradáveis. E tudo bem se essas lembranças emergirem, pois o musicoterapeuta estará ali para acolhê-lo e juntos trabalharão os sentimentos e seus significados. Em resumo: ter determinadas características não garante que uma composição surtirá este ou aquele efeito.
Cada um soa seus próprios sons
A Musicoterapia então não serve para aliviar o estresse? Não relaxa, não nos deixa calminhos? Sim, a Musicoterapia pode ser aplicada com esses objetivos. As maneiras para atingi-los é que variam de pessoa para pessoa.
A Musicoterapia também pode ser utilizada para eliminar a raiva do cantinho escuro do peito e auxiliar a descobrir sentimentos que nem se imaginava, que poderiam morar dentro da gente, a fim de estimular a socialização e o sentimento de pertencimento e, também, potencializar as alegrias colecionadas vida afora.
E nunca é demais lembrar: para fazer Musicoterapia não é necessário ter conhecimento musical, saber ler partituras, cantar ou tocar um instrumento; querer ser e estar na música é o suficiente para conseguir trazer seus sons, que serão acolhidos da maneira que soarem.
Musicoterapia é isso tudo e mais! Muito mais do que uma lista genérica de músicas é capaz de oferecer, porque cada um vai rabiscando a própria lista desde a infância, com aqueles sons e as canções que aconchegam e empurram pra luta, marcando destinos e talhando pequenos-grandes momentos.
Cada lista de músicas é única, guardando melodias e ritmos que trazem sensações de décadas para o agora. Cada um soa seus próprios sons, em tons maiores ou menores, forte ou pianíssimo, andantino ou prestíssimo, assim como sente e soa a própria vida.